Reencontrar velhos amigos que julgávamos perdidos para sempre é talvez o maior mérito das redes sociais. Claro, encurtou distância e levou os correios o ostracismo e até a telefonia mudou de cara. Por enquanto vamos usando o whatsapp pras ligações mais informais.
Outro dia, por exemplo vi fotos do campo de futebol do Colégio Senador Alberto Pasqualini onde estudei em Novo Hamburgo. Logo apareceram o cheiro do vestiário, a sensação de dor dos tornozelos torcidos e o frio da água que saia direto do cano sem chuveiro. São lembranças íntimas e cada um tem as suas, que certamente estão armazenadas até que um aroma, uma imagem ou um sabor as desperte.
Hoje muitas memórias de uma Bento Gonçalves que adotei (ou fui adotado) já me deixam saudoso. Há grupos que coletam e publicam fotos antigas – parabéns Jorge Bronzato. Há livros, como os do amigo Ademir Bacca, que retratam desde o passado mais remoto ao de 20 ou 30 anos passados e que nos mostram como a cidade evolui, muitas vezes esquecendo de preservar a história.
Outro dia mesmo circulou foto da extinta vinícola Mônaco, na rua Cavalheiro Horácio Mônaco, onde hoje há um prédio residencial. Mostra a mudança do espaço urbano e a evolução, os fracassos e a renovação da planta industrial local.
Outro exemplo é a obra da Piazza Salton, no Centro da cidade. Uma pequena parte do prédio original foi preservada/restaurada. A cidade se renova e deixa um gostinho de como foi no passado recente. Foi por conta do laçamento da Piazza que outro dia reuni no programa Sem Nome ( ra´dio Serrana 106.FM das 13 às 14h) três pessoas que viveram sua infância no Centro. E pra quem acha que saudosismo é coisa de velho, não é não.
Pessoas recém entradas nos 30 lembram com carinho de seus tenros anos e do casario que já não existe. São casas de amigos, indústrias que cumprem sua função e sucumbem ao globalismo – antes dos 10 anos eu ia na indústria de bebidas Cassel e todo encabulado, tomava uma Sodinha de graça. Mas a gente era recatado, isso acontecia a cada ano bissexto por especial convite do Cassio, que era neto do fundador.
Mas n]ao precisa de uma foto ou um prédio para ter lembranças brorando. Outro dia vasculhando uma coleção de chaveiros do avô da Cris. O chaveirinho era pra juntar e formar um molho de chaves do dia-a-dia ou do carro. Mas eram tantos, que viraram objeto preferencial para coleção. Olhando agora vejo símbolos de uma época: da uva da Fenavinho e da garrafinha de coca ao abridor de garrafas (destes ainda tenho), até o das falecidas Finasa ou da Varig/Cruzeiro. São itens que tem o condão de reavivar a memória. Será que mais gente ainda os conserva em alguma gaveta na garagem? Aliás, uma pena, já nem se oferta mais chaveiro como lembrança. Porque será?