COLUNA

Colaboração que Transforma: Lições dos Ambientes de Inovação Paulistas para a Serra Gaúcha

Com o objetivo de entender o potencial inovador da Serra Gaúcha, o executivo do Trino Polo, Edison A. Maletz, visitou três centros de referência em São Paulo. A conclusão é clara: a inovação que transforma regiões nasce da vontade de unir forças

Escritório moderno com várias estações de trabalho, logotipo 'Cubo Agro' e funcionários trabalhando.
Imagem: Edison Maletz

Em uma recente missão a São Paulo, tive o privilégio de visitar três ambientes de inovação que são referências no Brasil: o CUBO do Itaú, a Befly e a Learning Village. O que mais impressiona não é a escala dos negócios ou a tecnologia, mas sim os processos e a cultura de colaboração que permeia esses espaços. Lá, empresas concorrentes se unem, startups e corporações cocriam, e o foco está claramente em transformar e desenvolver o setor econômico onde atuam — e não apenas o próprio negócio. Essa experiência trouxe insights importantes que quero compartilhar com nossa comunidade.

No CUBO Itaú, um dos maiores hubs de inovação aberta da América Latina, percebemos que o verdadeiro valor está na conexão que gera negócios. O ecossistema, com mais de 40 corporações mantenedoras e mais de 500 startups, atua em 19 segmentos econômicos diferentes, soma mais de 27 mil colaboradores e projeta faturamento de R$10 bilhões em 2025. O CUBO não investe e nem incuba diretamente as startups, seu papel é atrair grandes empresas e garantir a presença de startups qualificadas, criando um ambiente de confiança e alto potencial para parcerias.

Na Befly, observamos a colaboração e inovação do maior ecossistema de negócios focado em turismo da América Latina. A Befly é uma holding criada em 2021 a partir da fusão entre a Belvitur e a Flytour, ambas empresas consolidadas no mercado de turismo. O conceito de “ecossistema” da BeFly engloba um conjunto de mais de 30 empresas que atuam em diferentes segmentos do turismo, como lazer, viagens corporativas, turismo de alto luxo e franquias. Mais uma vez, o foco do ecossistema criado está nos processos de inovação e na colaboração. O objetivo é compartilhar, escalar e implementar, não proteger ou reservar o conhecimento. Através do Turistech Hub, a Befly impulsiona a inovação aberta, a cultura de inovação, transformação digital e novos negócios.

A Learning Village, por sua vez, reforça a ideia de que inovação começa nas pessoas. Criado pela HSM e Singularity Brazil para conectar corporações, startups e laboratórios de inovação, o ecossistema tem como objetivo desenvolver talentos e gerar negócios em um ambiente colaborativo. Sua estrutura física é um catalisador de conexões. A mensagem é clara: inovação é, antes de tudo, um movimento humano.

Como trazer esse espírito para a Serra Gaúcha?

Sempre que visitamos espaços como esses, nos perguntamos: como podemos levar esse espírito para a Serra Gaúcha? Temos quase tudo para construir um ecossistema com a mesma energia e propósito: grandes corporações, empresas de tecnologia, startups e instituições de ensino e fomento. Sim, já temos iniciativas de colaboração para inovação, o próprio Trinopolo representa esse movimento, o Sebrae e Instituto Hélice (organizadores da Missão), o Bah Ecossistema de Inovação de Caxias, o InovaRS, a Conexo da Randoncorp, o Marcopolo Next, entre outros. E aqui entra uma questão crucial: para criarmos essa cultura de inovação colaborativa, precisamos que esses movimentos estejam conectados, com processos estruturados e ações continuadas. Afinal, cultura é um fenômeno coletivo e mudar a cultura, necessariamente precisa ser um movimento coletivo, não individual.

A Serra Gaúcha tem talento, espírito empreendedor, empresas resilientes e uma cultura de trabalho. Agora, precisamos fortalecer a cultura de colaboração. A inovação que transforma regiões não brota de uma única empresa ou ideia. Ela nasce da vontade de unir forças, de valorizar o coletivo, de investir no desenvolvimento comum. A colaboração é o novo diferencial competitivo — e ele está ao nosso alcance.