OPINIÃO

Brasil está pior do que na pandemia

Moody's melhora a nota de risco do Brasil, indicando melhor ambiente de investimentos. Porém, o déficit fiscal preocupa, com números elevados.

Brasil está pior do que na pandemia

Enquanto a agência Moody’s melhora a nota de risco de crédito do Brasil, indicando uma melhora no ambiente de investimentos no país. O déficit fiscal supera os números da pandemia. O otimismo do governo contrasta com a realidade dos números, que mostram um agravamento das contas públicas. Desta forma, o país caminha para a recuperação do grau de investimentos, mesmo com as dívida e gastos do governo atingindo nível alarmantes.

Integrantes do governo estão em festa, porque uma das mais importantes agências de risco elevaram o rating do Brasil. O país está a um passo de retomar o grau de investimento. O anúncio veio dias após Luiz Inácio e Fernando Haddad se reunirem em Nova York com representantes da agência.

O ministro da fazenda comentou o fato afirmando o seguinte: “o comportamento das despesas e das receitas estão condizentes com o arcabouço fiscal”. Ele ainda reforçou que se renunciar a alguma receita, compensará com outra.

Embora burocratas e o beautiful people estejam em êxtase, os números divulgados sobre as contas públicas e a trajetória dívida/PIB são arrepiantes. O déficit fiscal acumulado nos últimos 12 meses atingiu em agosto R$ 1,111 trilhões, pior número da série histórica superando até mesmo o período de pandemia. No mesmo sentido, as projeções do mercado apontam para uma dívida crescente até pelo menos 2027, projeções bem diferentes daquelas que o governo apresenta.

Pois bem, a Moody’s em seu comunicado afirma que o esforço para manter as contas públicas dentro da meta fiscal, somada a reforma tributária e estabilização da relação entre dívida e PIB, seria o motivo para esse ajuste positivo na nota de risco do Brasil. Todavia, os números que são apresentados para os brasileiros não condizem com o que a própria agência afirma. Além do aumento constante dos impostos, o bordão “gasto é investimento” rege as principais ações do atual governo.

Essa aparente incongruência faz com que alguns analistas desconfiem que o movimento da agência poderia ser de cunho político e não uma verdadeira expressão da trajetória de equilíbrio fiscal do país. A piora das condições das contas públicas é inegável. Mesmo diante da expectativa do governo de que o Brasil retome o grau de investimento em 2026, que fora perdido pelas políticas desastrosas da presidente petista Dilma Rousseff, as condições econômicas brasileiras não inspiram grande confiança. Resta saber se nos próximos meses vencerá a narrativa ou a realidade.