Entre um impropério e outro, entre uma colocação com a qual concordo e a lacrada de alguém insuspeito – porque leio aqueles dos quais discordo também – vou rolando o cursor no meu twitter e me deparo com uma cena de um ambiente inóspito e estéril. Ali, na minha telinha, cenas do solo de Marte, quem diria? por trás daquelas imagens existem décadas de ciência depurada e transversalmente compartilhada por diferentes áreas do conhecimento. É trabalho árduo de gente brilhante demonstrando a capacidade e a persistência do ser humano.
Enquanto mandamos equipamentos precursores a ao planeta vermelho, ainda há gente por aqui desejando voltar à idade da pedra, do olho por olho. Mas, esta semana parece que a Câmara deu um sinal afirmativo de que é composta por homens e mulheres e não apenas por políticos. Entre optar pelo razoável e aquilo que lhes beneficiaria, a maioria optou pela razão. Não havia argumento forte o suficiente para manter entre seus pares um bandido investido de poder.
O novo (no cargo) presidente do Congresso, Arthur Lira teve sua primeira prova de fogo e saiu-se bem. Não passou pano nas declarações desmedidas e criminosas do deputado Daniel Silveira e definiu bem a situação: “é caso raro e fora da curva. Não se repetirá e vamos definir marcos para que o instituto da imunidade parlamentar não seja afetado”. Foi bem também a deputada relatora e os mais de 360 deputados que acompanharam a decisão unânime do STF mantendo a prisão do deputado/miliciano. Do outro lado ficaram o PTB de Roberto Jeferson, um desonesto declarado e já condenado e vejam só: toda a bancada do partido Novo que tem no gaúcho Marcel Van Haten um de seus expoentes. Ali o espirito de corpo prevaleceu sem o menor pudor.
Daniel Silveira é deputado pelo Rio de Janeiro e, por mais que se goste do Leblon e da maioria dos cariocas, parece claro que só lá um miliciano bombadão arrumaria 40 mil votos pra se eleger. Pensando bem, não, nós temos a versão light do Daniel aqui, é o fanfarrão Bibo Nunes.
Por fim, a semana foi concluída com a demissão do presidente da Petrobrás. Bolsonaro não concorda com a política de preços da estatal. É melhor ja-ir se acostumando, pois depois de trocar os ministros da saúde até achar um que fizesse exatamente o que ele queria, Bolsonaro prometeu no sábado mexidas na política de preços da energia elétrica.
O mercado, obviamente, não aprova. Não é exatamente isto que uma boa parcela do eleitorado liberal esperava do presidente que elegeu. Por mais que precisemos concordar que a energia está cara e a gasolina com o preço pela hora da morte, sabemos que os preços praticados não o são por simples capricho de seus dirigentes.
Enfim, o presidente Bolsonaro está lá para comandar e faz isto de forma autêntica, o que não quer dizer que seja correta. É importante que lhe assoprem: um presidente não pode agir como um motorista de táxi que numa corrida de Copacabana a Ipanema desfia todas as soluções para um Brasil melhor. O mundo é mais complexo que isto. As cenas do robô em Marte estão aí para confirmar.