Era 2001, eu aluno de Escola Estadual no “primeiro ano do segundo grau”, na primeira aula da história do ano, professor Clóvis entra na sala, não mostra os dentes pra ninguém, dá um tapa no quadro (verde) a ponto da mão ficar marcada no quadro a giz. Pegou sua cadeira colocou em cima da própria mesa e disse ao colega que estava sentado à sua frente para sentar. Pairava um silêncio sepulcral na sala de aula e, meio sem saber o que fazer, meu colega – que não vou escrever o nome em virtude da LGPD -, foi escalando a sua própria cadeira, subiu na sua mesa, deu um passo, pisou na mesa do professor e sentou na cadeira!
Professor Clóvis de História, entrega um período inteiro de aula, giz no quadro, desenhos, contextualização da civilizações, com o Raphael( LGPD rs) sentado na cadeira em cima da mesa sem nenhum piu. Ao final da aula, Clóvis pergunta ao Raphael o que ele fazia sentado na cadeira em cima da mesa, meio sem saber ele, com a voz meio envergonhada responde que foi o Sr., que me mandou sentar aqui. Clovis responde, se eu mandar tu comer cocô ou se matar, tu vai? Ele respondeu, claro que não. Ele pede pro meu colega descer e encerra a aula escrevendo no quadro em letras garrafais, Massificação.
Trata-se da exposição de crianças e adolescentes a responsabilidades, comportamentos, conteúdos e hábitos inapropriados para a idade, pois [são] típicos do modo de vida adulto. Quando avançamos para o cenário de monetização na internet destas crianças, acabamos por revelar alguns lados obscuros.
Com os algoritmos cada vez mais treinados, com nossos aplicativos e contas de serviços de internet, cada vez mais conectadas, se relacionando com uma infinidade de demandas, aderindo à novos aplicativos, fazendo compras, cadastrando cartões de crédito, as IA’s estão cada vez mais eficazes em identificar padrões de consumo destes conteúdos, estão cada vez mais rápidas e a monetização atropela.
Inúmeras medidas são discutidas pela sociedade, por comissões, por órgãos, pesquisadores comportamentais , mas nem de perto estão na mesma velocidade do que acontece na timeline.
A massificação e a internet
Hoje aquele aluno que subiu na cadeira sem perguntar porque, sem se posicionar, sem questionar, aceitando a onda – e existem muitas camadas aqui neste assunto -, é o Pai e a Mãe que não vê nenhum problema do filho(a) menor de idade sexualizando em suas redes privadas, nos seus inbox, etc. Nossa culpa, pais.
Tem o lado que instiga, que coloca a cadeira na mesa pra alguém sentar, tem o que produz, tem o lado que consome, o lado que se beneficia do conteúdo, mas o “lado” que fica “de lado”? Exatamente, a criança, o adolescente? Como fica a saúde mental destas crianças e adolescentes que já nasceram em um mundo conectado. Quais as marcas? As consequências desta exposição na vida adulta? Como serão quando forem Pais e Mães, os nativos digitais, geração Z?,
Mas nem tudo está perdido e nisto eu também vejo!