ARQUITETURA

Acessibilidade: a importância de projetos inclusivos

Precisamos entender que a acessibilidade vai muito além da rampa, ela está na largura da circulação, na altura das bancadas, no tempo de uso e no conforto de quem está ali

Interior de adega com barris de vinho, porta de madeira e iluminação ambiente.
Divulgação/Cristina Mioranza

Projetar para todos não é uma gentileza, é obrigação. E podemos dizer que é também o maior desafio ético da arquitetura. A acessibilidade precisa ser pensada desde o primeiro traço. Ela não é um adendo, um item de uma lista, ela é parte essencial do projeto.  É importante que ninguém precise depender de outra pessoa para circular, entrar ou usar um espaço. Isso vale para o cadeirante, para o idoso, para a pessoa com deficiência visual. O espaço tem que funcionar para quem está nele, simples assim.

No Brasil, os parâmetros técnicos de acessibilidade em edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos são definidos pela NBR 9050. Ela trata de medidas mínimas para a circulação, inclinação de rampas, altura de corrimãos, largura de portas, sinalização tátil e muito mais. Porém, há uma grande dificuldade em colocar a norma em prática: construções antigas, prédios tombados e estruturas que não comportam reformas simples. Nem toda escada vira rampa, nem todo prédio suporta um elevador. Mas nenhum lugar pode ser inacessível. É aí que entra nosso papel criativo e ético: adaptar sem excluir. Precisamos respeitar o existente sem comprometer o acesso.

Neste caso, os maiores obstáculos estão nas construções antigas. Patrimônios históricos, calçadas estreitas, entradas com degraus. Espaços que nunca foram pensados para todos, hoje exigem soluções complexas com urgência. Detalhes simples fazem toda diferença. Uma porta padrão não é suficiente. Uma maçaneta alta já exclui. Um banheiro sem barras de apoio não serve. Uma cadeira de rodas precisa passar. O piso não pode escorregar. A sinalização tem que guiar com autonomia. Tudo isso precisa estar previsto no projeto como base de pensamento.

Projetar acessibilidade é projetar com empatia, é olhar o espaço com os olhos do outro. Precisamos entender que a acessibilidade vai muito além da rampa, ela está na largura da circulação, na altura das bancadas, no tempo de uso e no conforto de quem está ali. A boa arquitetura é aquela que não exige esforço para ser usada, ela acolhe, facilita, convida. E acima de tudo, ela respeita.