Opinião

A velha política

A velha política


A “velha política” é frequentemente criticada por muitos, mas, paradoxalmente, é alimentada por atitudes e práticas cotidianas que muitas vezes passam despercebidas. O jogo político, pode ser comparado a um complexo tabuleiro de xadrez, é regido por regras que não estão sempre escritas, mas que são aplicadas livremente por aqueles que buscam manter-se no poder.

Um dos pilares desse sistema é o financiamento de campanhas, que é legalmente distribuído com base na representatividade dos partidos na Câmara Federal e Senado. Entretanto, os partidos estabelecem critérios próprios de distribuição, muitas vezes beneficiando candidatos na busca da reeleição. As coligações partidárias, ao multiplicarem esses valores, criam um cenário em que o capital de campanha se torna um fator determinante para o sucesso eleitoral. Nesse ambiente, candidatos que já ocupam cargos eletivos têm uma vantagem significativa, tornando a competição desigual desde o início.

O resultado é um ciclo vicioso em que o dinheiro, mais do que as ideias ou a integridade, define o alcance eleitoral de um candidato. Com mais recursos, candidatos podem contratar mais cabos eleitorais, realizar mais eventos e, consequentemente, influenciar mais eleitores. As pesquisas eleitorais refletem essa dinâmica, já que a visibilidade dos candidatos é proporcional à quantidade de dinheiro investido em suas campanhas.

Essa realidade obscurece a figura do candidato que renuncia a práticas imorais, ainda que legais, em prol de uma campanha mais ética e alinhada aos verdadeiros interesses da sociedade. No entanto, esse candidato, muitas vezes, é menos notado, esmagado pela supremacia financeira de seus adversários.

Para superar a “velha política”, é crucial que a sociedade compreenda e rejeite esse jogo espúrio. Somente ao reconhecer as armadilhas do financiamento de campanhas e a influência desproporcional do poder econômico, poderemos abrir caminho para uma nova forma de fazer política, uma que seja verdadeiramente representativa e benéfica para todos.

Eduarda Falcão – Escritora brasileira