Leonardo Bertelli Piveta
Leonardo Bertelli Piveta

Lembro da mesa antiga da minha vó. Ela era grande. Mas assim mesmo não era suficiente, conforme os primos foram crescendo em tamanho e em número, a mesa antiga foi trocada por uma maior a fim de comportar todos integrantes da família, o pessoal costumava aparecer para almoçar no domingo. A mesa era farta. Sopa de capeletti, recheio, salada diversas, maionese e churrasco. Quase não cabia tudo. O espaço ficava pequeno, a mesa nem parecida tão grande quanto minutos antes.

Ao passar dos anos, os primos cresceram, construíram suas famílias. Aquela mesa fora trocada por outra menor, pois ficara demasiadamente grande. Pois bem, nos últimos meses as mesas de vários brasileiros parecem ficado maiores, mais vazias. Mas não foi porque os filhos saíram de casa, tampouco porque os parentes não fazem mais visitas. Ela tem ficado maior por causa do aumento do preço dos alimentos, ficou mais caro encher a mesa de comida.

O preço dos alimentos tem subido muito em função do aumento dos preços das commodities. Explicando de forma simplificada o que são as commodities: elas são bens primários tirados da natureza (por exemplo: trigo, soja e minério de ferro) que ao serem processados viram farinha, óleo, barra de ferro. Logo, depois de beneficiados são consumidos ou utilizados pelo ser humano.

Por causa das quarentenas tivemos a quebra das cadeiras de produção e fornecimento, isso juntamente com as medidas dos Bancos Centrais mundiais causou a disparada dos preços desses produtos. Ir ao mercado ficou uma missão cada vez mais difícil. Todavia, desta vez, o fenômeno do aumento dos preços não ocorre apenas no Brasil, americanos e europeus também têm percebido o movimento. Para termos uma idéia da intensidade do aumento, os preços do petróleo, trigo e milho subiram no mercado internacional, respectivamente, 65,20%, 62,78% e 34,17% nos últimos 12 meses.

A variação no preço das commodities, portanto, pressiona os preços dos alimentos ao redor do mundo. Isto é notado principalmente na mesa dos mais pobres, pois são eles que sentem como se o mês estivesse ficando cada vez mais longo e a mesa mais vazia, ou em outra perspectiva, maior. Por isso, em época de inflação alta, a solução é procurar proteger o capital que tanto esforço tomou para ser acumulado trocando aplicações tradicionais, como a poupança, por investimentos que possam proteger verdadeiramente seu dinheiro.