O ano começou com uma grande expectativa sobre a reabertura da economia chinesa. Na visão da maioria dos especialistas assim que as políticas de quarentena terminassem o retorno total das atividades impulsionaria o comércio mundial e as commodities voltariam a subir.
A realidade, no entanto, é que estamos chegando na metade do ano e o efeito esperado deste movimento chinês ainda não apareceu. Enquanto isso, as preocupações a respeito de uma recessão global são constantes. Eu diria que estamos mais próximos de um choque recessivo do que um choque expansivo nas economias.
Pois bem, vejamos alguns dados divulgados nas últimas semanas vindos da economia chinesa. O primeiro deles é o preço das casas que caiu 0,2% em abril. O investimento em imóveis também caiu 6,2% no ano. Os números que foram divulgados em relação a produção industrial e vendas no varejo foram positivos (crescimento de 5,6% e 18,4%, respectivamente, em abril), porém foram abaixo das expectativas de mercado. Outro detalhe importante é que a base de comparação com abril do ano anterior é baixa em função das políticas de restrição adotadas pelo governo.
Além disso, os dados de inflação da economia chinesa foram decepcionantes. A inflação ao consumidor subiu apenas 0,1% em abril enquanto a inflação ao produtor caiu 2,5%. Estes dados somados com dados dos parceiros comerciais chineses como Cingapura, Japão e Coréia do Sul indicam que o momento econômico pode não ser o melhor para os chineses.
Sem dúvida, os desafios dos planejadores econômicos do partido estão lançados. O momento é complicado e exigirá, além de mais estímulos, muita habilidade para que a economia possa voltar a ser o propulsor de crescimento global. Deste modo, eu não creio que a China será capaz de salvar o mundo de uma recessão pelas fragilidades econômicas que vêm sendo apresentadas. Obviamente, este cenário é passível de mudança, mas tudo indo que estamos entrando em um ciclo contração da economia mundial.