COLUNA

A economia da atenção

Os algoritmos são desenhados para identificar estímulos que geram reações emocionais imediatas (como fofoca, raiva ou indignação) e nos empurram para eles

Pessoas segurando smartphones com telas mostrando ícones de nuvem e sincronização, indicando conectividade e compartilhamento de dados.
Imagem: Freepik

Uma pesquisa da Universidade de Columbia revelou um dado alarmante: 59% (quase seis em cada dez) dos links compartilhados nas redes sociais nunca foram realmente clicados. As pessoas reagem, julgam, comentam e compartilham usando exclusivamente o título como base. O post anterior foi a prova prática disso. A “isca” midiática!

A resposta vem do MIT. Um estudo de referência da instituição, publicado na revista Science, provou que o sensacionalismo, as fofocas e as notícias falsas se espalham “significativamente mais rápido, mais longe e mais profundamente” do que a verdade. A emoção—no caso do post anterior, a indignação com uma suposta “fofoca”—é o combustível que o algoritmo procura. A nuance (minha análise) é lenta e chata; a polêmica (o título) é rápida e viciante.

Um controverso estudo do próprio Facebook sobre “Contágio Emocional”, publicado na PNAS, provou que os algoritmos não são neutros. Eles são ativamente desenhados para nos “pastorear”, manipulando nosso feed para nos mostrar mais daquilo que gera reações fortes.

A imensa maioria dos comentários no meu post da semana passada seguiu exatamente esse padrão: ‘Virou Léo Dias?’, ‘Estão sem assunto?’, ‘Spoiler: nada’, ‘Aprender a cuidar da própria vida’.

Foi a tempestade perfeita: uma manchete emocional gerou reações das mais diversas. O algoritmo identificou essas reações como “alto engajamento” e, imediatamente, entregou o post para mais e mais pessoas que teriam exatamente a mesma reação impulsiva.

O Poder do Clickbait

A maioria dos comentários reagiu à isca (o tópico midiático), mas não consumiu o conteúdo (onde eu usava o gancho para falar de tecnologia e marketing). E esse era exatamente o ponto.

O post não era sobre Vini Jr. ou Virginia. Era sobre como nós, como público, somos condicionados a reagir. Os algoritmos são desenhados para identificar estímulos que geram reações emocionais imediatas (como fofoca, raiva ou indignação) e nos empurram para eles.

E é assim! Acontece comigo todos os dias, assuntos e manchetes simplesmente explodem na minha timeline sem que tenhamos se quer pesquisado algo a respeito! Somos direcionados pelo algoritmo a clicar e, principalmente, a reagir antes mesmo de ler.

A Criatividade nos Comentários

Clicamos por impulso, e assim muitas vezes acabamos caindo e golpes e vírus! Comentamos por impulso. Somos os leitores de comentários e não do conteúdo, somos os sommelier de manchetes, de opiniões. Agora, o que é impossível negar é tamanha criatividade, os comentários são sempre espetaculares (risos).

O único comentário que capturou a essência foi: ‘Que o Marketing é poderoso!’. Exatamente! O ‘clickbait’ é a ponta do iceberg de um sistema projetado para nos manter engajados, nos guiando como um rebanho. É assim na Política, na Religião, no Futebol, nos costumes, etc!

Alto lá! Somos a fábrica de memes e comentários! É fantástico: os comentários que reclamam do “clickbait” são a prova viva de que o “clickbait” segue fazendo a rodinha da monetização funcionar!