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Ponte entre Cotiporã e Bento Gonçalves causa polêmica por possíveis problemas estruturais; empresa afirma que obra está dentro das normas técnicas

Projeto foi alvo de críticas que apontaram possíveis falhas; engenheiro responsável garante segurança da obra

Ponte entre Cotiporã e Bento Gonçalves causa polêmica por possíveis problemas estruturais; empresa afirma  que obra está dentro das normas técnicas
Foto: Reprodução/Divulgação

Na manhã do último sábado (30), a ponte sobre o Rio das Antas, que liga os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves, alcançou uma etapa significativa, com o início da concretagem. No entanto, imagens da obra em andamento, compartilhadas nas redes sociais, levantaram questionamentos sobre possíveis problemas estruturais.

De acordo com uma denúncia recebida pela reportagem do Grupo RSCOM, a estrutura apresentaria falhas que poderiam comprometer gravemente a segurança.

“Fixaram as longarinas nos pilares com parabol, inacreditável! Não colocaram o ferro negativo em cima da malha, por isso que vergou as longarinas, imagina passando 60 toneladas. Poderá ser interditada por deficiência estrutural antes de ser inaugurada por oferecer risco de desabamento”, afirmou o denunciante.

O projeto

A obra, orçada em R$ 5,5 milhões provenientes de recursos federais da Defesa Civil e com um aditivo de cerca de R$ 980 mil, dividido entre Cotiporã e Bento Gonçalves, totaliza aproximadamente R$ 5,7 milhões. Ainda não há uma data definida para a inauguração da ponte.

O Projeto Pontes do Sul, responsável pela execução, é liderado pelas empresas JB Engenharia e Alsus Infra, que também coordenam a obra da nova ponte entre Cotiporã e Dois Lajeados, que será inaugurada neste sábado (7). O mesmo programa também realizou a construção da Ponte de Ferro de Nova Roma do Sul.

Procurada pela reportagem, a assessoria do Projeto Pontes do Sul emitiu uma nota técnica esclarecendo os questionamentos. Segundo o engenheiro responsável, Jeferson Dal Bello, a ponte foi projetada para suportar até 45 toneladas, e não 60 toneladas, como mencionado na denúncia. Ele destacou que a estrutura é fiscalizada por equipes técnicas Defesa Civil e pelo município de Cotiporã e que as movimentações observadas estão dentro das normas técnicas.

Dal Bello explicou que a ponte utiliza um sistema de viga mista biapoiada, onde aço e concreto trabalham em conjunto. De acordo com ele, movimentos durante o lançamento do concreto são esperados, devido a fatores como retração na cura do concreto e alongamentos das seções de aço. Após o período de cura, de 14 a 21 dias, a estrutura se estabiliza.

Em relação às travas laterais fixadas nos pilares e vigas, o engenheiro informou que elas foram instaladas para conter movimentos durante o processo de construção, especialmente em caso de cheia do rio, e continuarão a funcionar como mecanismos de segurança. Cada seção da ponte conta com 18 barras de aço reforçadas para garantir a estabilidade lateral.

Confira a nota técnica na íntegra:

Gostaria de esclarecer, inicialmente, que a ponte foi projetada para suportar até 45 toneladas, e não 60 toneladas, como mencionado.

O projeto foi aprovado pela Defesa Civil e pelo Município de Cotiporã, sendo devidamente fiscalizado e monitorado por ambos os órgãos. A estrutura da ponte é uma viga mista biapoiada, em que as longarinas principais trabalham no esforço de tração, enquanto o tabuleiro de concreto armado opera na compressão.

O maior movimento da estrutura ocorre durante o lançamento do concreto (ocorrido ontem), podendo variar dependendo das condições mecânicas do aço e dos apoios. As seções de aço soldadas podem apresentar pequenas variações no alongamento, o que pode influenciar no movimento.

Durante o processo de cura do concreto, ele perde água e sofre retração. Como resultado, o movimento observado durante o lançamento diminui, estabilizando-se em uma variação menor. Vale ressaltar que a estrutura continuará em movimento até a cura total do concreto.

Após o período de cura, que pode variar de 14 a 21 dias, a estrutura se torna solidária (aço e concreto), consolidando-se e entrando na fase permanente de sua construção.

Quanto aos perfis de borda, onde é observada variação, sua função é exclusivamente de forma para a laje em balanço lateral, não possuindo qualquer função estrutural. As deformações observadas nesses perfis não afetam a resistência da ponte, pois, nesta área, a principal carga estrutural é assumida pelo concreto armado.

As travas fixadas nas laterais das vigas e dos pilares foram colocadas para conter o movimento lateral numa possível cheia do rio durante o processo construtivo, antes da concretagem. Agora, após concluída essa etapa , essas chapas continuarão funcionando como travas de deslocamento. Cada trava conta com, no mínimo, 3 barras de aço com 28 mm de diâmetro fixadas com chumbador químico especial para essas condições. Ao total, cada seção de ponte conta com 18 barras de aço no travamento do deslocamento lateral.

O movimento observado está dentro das normas, sem apresentar risco.

Eng. Jeferson Dal Bello