AGRICULTURA

Safra de uva 2024/2025 surpreende na Serra Gaúcha com aumento de 55% na produção

Estimativa da Emater/RS-Ascar aponta para 860 mil toneladas, superando expectativas mesmo após desastres climáticos de 2024

A safra de uva na Serra Gaúcha tem estimativa de 860 mil toneladas, segundo levantamento da Emater/RS-Ascar em 55 municípios da região.
A safra de uva na Serra Gaúcha tem estimativa de 860 mil toneladas, segundo levantamento da Emater/RS-Ascar em 55 municípios da região. | Foto: Divulgação Emater/RS-Ascar

Serra Gaúcha - A safra de uva 2024/2025 na Serra Gaúcha já é considerada surpreendente, com uma estimativa de 860 mil toneladas, segundo levantamento da Emater/RS-Ascar em 55 municípios da região. Esse volume representa um aumento de 55% em relação à safra anterior e 5% acima de uma safra considerada “normal”. O cálculo inclui a produção destinada à transformação industrial (745 mil toneladas), ao consumo in natura (100 mil toneladas) e ao uso doméstico (15 mil toneladas).

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A colheita da variedade Bordô, a mais cultivada na região, foi antecipada em 20 dias e deve encerrar no final de fevereiro. As cultivares superprecoces e precoces apresentaram excelente sanidade, coloração e teor de açúcar. Caso as condições climáticas atuais se mantenham, as variedades de ciclo médio e tardias, como Cabernet Sauvignon, Moscatos e Isabella, deverão apresentar a mesma qualidade.

Apesar dos desastres naturais de 2024, que incluíram chuvas excessivas no outono e inverno e deixaram o solo saturado por quatro meses, o desempenho surpreendeu.

“Houve ótima brotação, com número e vigor das gemas, fertilidade dentro da média e cachos maiores e mais pesados”, explica Enio Ângelo Todeschini, engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul.

O resultado positivo foi favorecido por fatores como o acúmulo de horas de frio acima da média, a ausência de geadas tardias e as condições climáticas de setembro a dezembro, com noites frias e dias com temperaturas máximas mais amenas. Essas condições contribuíram para o florescimento, desenvolvimento e maturação das bagas, além de reduzirem a necessidade de intervenções fitossanitárias.

Todeschini destacou também o impacto do uso de plantas de cobertura do solo, prática incentivada pela Emater/RS-Ascar.

“Essa técnica reduz o uso de herbicidas e fertilizantes, além de prevenir perdas de solo, nutrientes e água, refletindo em maior produtividade e menor prejuízo em safras desafiadoras”, afirma.

Em relação à remuneração dos produtores, Todeschini explicou que, inicialmente, esperava-se uma valorização devido aos baixos estoques, mas o aumento da oferta acabou reduzindo os preços, em conformidade com a lei da oferta e da procura.