LIMINAR

Justiça determina suspensão do abate de animais gestantes no RS

O número de abates de fêmeas gestantes aumentou após a revogação de uma norma federal que proibia a prática

Justiça determina suspensão do abate de animais gestantes no RS Justiça determina suspensão do abate de animais gestantes no RS Justiça determina suspensão do abate de animais gestantes no RS Justiça determina suspensão do abate de animais gestantes no RS
(Foto: Jeronimo Vicenzi/Divulgação)
(Foto: Jeronimo Vicenzi/Divulgação)

A juíza Patrícia Antunes Laydner, da Vara Regional do Meio Ambiente, proibiu o transporte e o abate de vacas e porcas prenhes nos frigoríficos do Rio Grande do Sul. A decisão liminar obriga o Estado a tomar providências urgentes para cumprir a legislação estadual que já veta práticas cruéis contra animais em gestação.

A organização de proteção animal Princípio Animal entrou com uma ação civil pública e denunciou a omissão do Estado na fiscalização. Segundo a entidade, o número de abates de fêmeas gestantes aumentou após a revogação de uma norma federal que proibia a prática. A ONG afirma que o governo estadual falha em aplicar a legislação local, o que favorece a impunidade e enfraquece as políticas de bem-estar animal.

Na decisão, a juíza reconheceu a negligência do poder público e determinou que o Estado:

  • Interrompa de imediato o transporte e o abate de fêmeas gestantes;
  • Exija atestados de não prenhez dos produtores rurais;
  • Apresente um plano de fiscalização em até 30 dias;

Aplique sanções rigorosas, incluindo multa de R$ 1 mil por animal abatido ilegalmente e multa diária de mesmo valor por descumprimento da ordem.

Decisão Judicial e Bem-Estar Animal

Patrícia Laydner descartou argumentos econômicos e culturais usados para justificar o abate de fêmeas prenhes. Para embasar a decisão, citou a Declaração de Cambridge sobre a Consciência Animal, que reconhece a senciência de diversos animais, incluindo mamíferos, aves e até polvos. O documento, assinado por cientistas renomados como Stephen Hawking, reforça que esses seres sentem dor, medo e prazer, mesmo sem neocórtex.

“A ciência já comprovou que animais não são coisas. Eles têm consciência, emoções e devem ser tratados com dignidade”, afirmou a magistrada. Ela criticou o antigo paradigma jurídico que objetificava os animais e defendeu a adoção de um novo olhar, ético e legal, sobre os direitos dos não humanos.

A decisão marca um importante avanço na proteção animal no Brasil e pressiona o Estado gaúcho a rever práticas incompatíveis com o bem-estar animal e com a legislação vigente.