A gigante BrasilAgro, uma das líderes nacionais em compra, desenvolvimento e venda de propriedades rurais, está demonstrando uma frieza estratégica enquanto o mercado de terras no agronegócio está em ebulição no país.
Em um movimento sem precedentes, a companhia completou um ano-safra inteiro (2024/25) sem realizar uma única aquisição de fazenda, apesar da avalanche de ofertas que recebeu. A BrasilAgro é uma das principais companhias de investimento em terras agrícolas do Brasil, especializada na aquisição de propriedades rurais, seu desenvolvimento e posterior venda.
Conhecida por sua tese de valorização imobiliária no campo, a empresa demonstra um histórico de grandes movimentações financeiras. Apenas no ano-safra 2024/25, a companhia registrou um total de R$ 2,8 bilhões em desinvestimentos (vendas de fazendas), o que demonstra a escala dos negócios que ela movimenta no agronegócio nacional.
Mas, a situação revela o drama por trás da calmaria: a BrasilAgro foi cortejada com quase 400 ativos, em sua maioria, fazendas sob estresse financeiro. Deste volume, impressionantes 337 oportunidades de negócio foram recusadas. Isso mesmo: a empresa declinou de mais de três centenas de propriedades.
A razão para o “não” categórico é pura disciplina financeira. Em meio a uma verdadeira onda de pânico e alavancagem no campo, com bancos desovando books de clientes endividados, o CEO André Guillaumon é taxativo e entende que os preços e as taxas de retorno ainda não são atrativos.
A tese é simples e brutal: os preços das terras dispararam na época da soja a R$ 200/saca e ainda não caíram o suficiente. A BrasilAgro tem capital, mas está sentada, com a mira apontada, esperando que os valores despenquem para acionar o gatilho de compra. O objetivo é comprar em preços de liquidação, quando a pressão dos juros altos (Selic) e o endividamento forçarem as vendas de ativos.
Embora o crescimento dos pedidos de Recuperação Judicial (RJ) tenha desacelerado para 40%, em 2025, depois de um assustador aumento de 138% em 2024, o ritmo de surgimento de ativos sob estresse é considerado forte.
São os bancos, antes parceiros, agora forçando a venda desses ativos “podres” para a BrasilAgro avaliar. O que o mercado está deixando de ver é a escala do distress e a oportunidade de ouro que a BrasilAgro enxerga. A empresa se posiciona como uma “boutique de M&A” com o sangue frio necessário para operar neste novo ciclo.
A mensagem para o agronegócio é clara, a BrasilAgro está disposta a esperar a crise atingir seu pico para comprar na hora que todo mundo quer vender. É um sinal de que o pior na correção de preços das terras está por vir.
As informações são do portal Comprerural.