Com produção de 485,5 mil toneladas de uvas viníferas, americanas e híbridas, a safra da fruta para industrialização no apresentou queda de 26,5% neste ano, em relação a 2023, no Rio Grande do Sul. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (23) pela Secretaria Estadual da Agricultura (Seapi), a partir de informações do Sistema de Declarações Vinícolas (Sisdevin).
Entre as causas para o resultado estão o excesso de chuvas na primavera e as doenças fúngicas, como o míldio. Para o engenheiro agrônomo e coordenador da área de frutas e hortaliças do escritório regional da Emater em Caxias do Sul, Enio Todeschini, a queda significativa era esperada.
Ele aponta que o segmento enfrenta retrocesso na safra nos últimos anos: 2020-21, foram 870 mil toneladas; em 2022, 686 mil toneladas; e, no ano passado, 665 mil toneladas de uva.
“Foi um ano que se esperava uma queda em função do retorno do El Niño, toda a primavera com chuvas muito acima da média, que pegam na fase mais sensível da parreira, o florescimento e o pegamento da fruta. Como consequência direta, a incidência de fitopatias, principalmente o míldio, que torna a produção de uva muito sensível aos resultados finais”, explica o especialista.
A elaboração de vinhos em 2024 teve uma redução de 42,04% no total quando comparada à safra anterior, de acordo com a Seapi. A elaboração de vinhos de mesa (americana ou híbrida) apresentou decréscimo de 39,55%. Já os vinhos finos apresentaram uma redução de 51,27%.
A produção de sucos de uva em 2024 teve um aumento de 73,67% quando comparada à safra anterior, enquanto o suco concentrado experimentou uma redução de 43,17%.
A elaboração total de base para espumante e de espumante apresentou redução de 23,12%. As bases charmat e champenoise tiveram redução de 39,96% e 41,07%, respectivamente. Já a elaboração de espumante moscatel diminuiu 27,67%, quando comparado à safra de 2023.
Segundo Todeschini, as expectativas apontam para uma recuperação na safra 2024-25. Como medida para minimizar danos, ele revela que a Emater trabalha com planos de cobertura de solo.
“Tivemos um inverno com condições muito variadas, junho e julho com picos de calor e de frio. Fora toda a chuva de maio e junho, um episódio muito fora do normal. Mas o que nos surpreende, agora acompanhando a brotação, é que temos uma rotação vigorosa, uniforme, intensa. Temos também a previsão do retorno da La Niña, então anos de estiagem não muito intensa são anos mais propícios para uma boa produção de frutas”, projeta o engenheiro agrônomo.
De acordo com a Seapi, os dados da safra de uvas para industrialização são obtidos por meio das informações prestadas pelos estabelecimentos vinícolas no Sisdevin.