

Com o painel “Política Nacional x Política dos Transportes teve início no final da tarde de quarta-feira o Congresso Transportador, dentro da Transposul, feira que até esta sexta-feira pretende movimentar R$ 130 milhões em negócios e está sendo realizada no pavilhão E da Fundaparque.
Os representantes setoriais Paulo Vicente Caleffi (presidente licenciado da Fetranssul), Pedro Lopes (da Associação Brasileira de Trasportadores de Carga) e o engenheiro Antônio Valdívia Neto (NTC), discorreram sobre as dificuldades que o setor vem enfrentando, sobretudo por conta da interferência do governo.
Coube a Valdívia Neto demonstrar, a um público muito interessado, sobre as distorções na elaboração da tabela dos fretes. Inicialmente criticou que apenas os caminhoneiros autônomos foram convidados a participar da elaboração. Também a adoção de um tipo de veículo para cada tipo de carga e a classificação em apenas cinco classes ou tipos de transportes foram erros também. Além disto, a adoção da tabela da noite para o dia causou incontáveis transtornos às empresas. Discorreu ainda que a elaboração da tabela não levou em conta o peso de tributos, não prevê lucro e nem variáveis imprevisíveis que acontecem diariamente.
O engenheiro ainda apontou números preocupantes: em 2017 62% das empresas transportadoras tiveram, em média, redução de 11% no faturamento e 46,3% delas têm tributos em atraso. Sobre os preços praticados, 39% das empresas necessitaram oferecer descontos aos clientes para não perder fretes.
Erros em série
Coube a Paulo Caleffi, no início do painel, elencar como o governo e a politica influem negativamente para o desempenho do setor: a lei que obriga caminhões a parar à noite, sem que haja locais para estacionar: – “se parar no acostamento corre o risco do assalto e ainda tem multa”; o financiamento indiscriminado de caminhões criou uma bolha com máxima oferta e demanda reprimida. A sugestão neste caso seria imitar o que ocorre em outros países e é conhecido como chaptalização. “Para comprar um caminhão novo, precisa entregar um velho. Não tem? Compra o velho e faz a troca”; a falta de investimento em infraestrutura com consequente abandono dos modais também foi criticada assim como a política de preços da Petrobras.
A recente greve dos caminhoneiros também foi destacada por Caleffi: “Falharam no diálogo, tardio e mal conduzido”. Para ele a designação do Ministro Eliseu Padilha foi um erro, pois ele não havia cumprido acordos anteriores. Além disso a negociação aconteceu com os interlocutores errados. “Aí fixaram a tabela. Não se marca a hora da chuva ou do sol, assim como não se estabelece a lei do livre mercado”. E tudo terminou, na avaliação do líder setorial, com a intimidação e caça às bruxas. “Houve prisões e multas abusivas, inclusive a taxistas”.
Representante em Brasília
Na conclusão do painel, coube a Pedro Lopes (ABCT) destacar as dificuldades que o setor encontra no diálogo com deputados em Brasília. “Eles não entendem do nosso setor, é difícil explicar.”
Lembrando que Paulo Caleffi é pré-candidato a deputado, destacou que desde a década de 70 não há um deputado eleito pelo setor. Então, enfatizou a necessidade de que os transportadores elejam representantes para que este segmento econômico tenha as suas necessidades atendidas