Bento Gonçalves

Município deverá ter lei para regular motoristas por aplicativo

Município deverá ter lei para regular motoristas por aplicativo
Taxistas acompanharam e se manifestaram durante a audiência pública (Fotos: Gerson Lenhard)

Dentre as 13 audiências públicas realizadas na Câmara Municipal de Bento Gonçalves, a desta noite de quarta-feira, 02, foi, com certeza, foi uma das que contou com maior presença de público e até de vereadores. O assunto é dos mais polêmicos: a regulamentação do transporte particular por aplicativo no município. O encontro foi organizado pela Frente Parlamentar sobre a Regularização do Serviço de Transporte Motorizado e Remunerado de Passageiros.

Os trabalhos foram conduzidos pelo presidente da Frente, vereador Eduardo Viríssimo, que conseguiu controlar bem a ansiedade dos envolvidos. Motoristas de táxi, em maior número, assim como os de aplicativo e usuários do serviço, lotaram as galerias da Câmara. Os secretários municipais de Gestão Integrada e Mobilidade Urbanas, Amarildo Lucatelli, de Desenvolvimento Econômico, Sílvio Pasin, De segurança, Paulo Marinho e de Governo, Ênio De Paris também marcaram presença. Aliás, foi o secretário Marinho que ao final da audiência resumiu a situação: é preciso regulamentar a função para que as duas categorias trabalhem em condições de igualdade.

Atualmente existem 91 placas de táxi concedidas pelo município e o serviço de Uber já conta com 59 motoristas credenciados e atuando. A oferta que é boa para o consumidor está desregulando o mercado e pondo em risco o equilíbrio financeiro dos taxistas.

Tadeu Zanesco propôs medidas condicionantes para o exercício de motorista de aplicativo

Em nome dos taxistas manifestaram-se entre outros, os profissionais Wagner Pinto, que citou o artigo 175 da constituição e o 231 do código Nacional de Trânsito que embasam os protestos dos taxistas: “o trabalho por aplicativo é ilegal” e o ex presidente do Sindicato dos Taxistas, Tadeu Zanesco. Ele listou uma série de sugestões para regrar e/ou restringir o ingresso de motoristas por aplicativo.

Entre estas sugestões estão um cadastro, identidade de condtor de transporte de passageiros, realização de curso no Sest/Senat, negativa de antecedentes criminais, atestado de saúde que confirme a inexistência de doenças infectocontagiosas e pagamento de ISSQN na ordem de R$ 500 por semestre.

Chamou atenção a manifestação do usuário Marcelo Carraro. Ele é odontólogo e filiado ao Partido Novo, que defende a desregulamentação de vários setores da economia em seu programa. Para ele, taxistas e motoristas por aplicativo não precisam estar em lados opostos. “Estamos aqui discutindo o poder de intervenção da Prefeitura, vamos criar impostos quando o certo seria facilitar o trabalho dos taxistas e desta forma torna-los competitivos em relação ao Uber e outros aplicativos”.

O usuário lembrou ainda que Uber não é um serviço concedido pela Prefeitura, por isso qualquer intervenção estará afrontando à prerrogativa da livre iniciativa.

A usuária Arlete de Césaro procurou demonstrar que já há regras para que motoristas trabalhem com Uber

Outra usuária que falou em defesa do trabalho dos motoristas foi Arlete de Césaro. Ela tentou demonstrar que o Ubber já exige muitas credenciais e dá treinamento aos seus motoristas. Além disto acompanha o desempenho dos mesmos assim como o comportamento dos usuários. Quem não agir de acordo com os padrões exigidos será excluído do serviço.

A partir dos depoimentos de taxistas, motoristas de aplicativo e usuários do serviço, deve ser elaborada uma legislação. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, não há necessidade de esperar por lei federal. “Só na Indonésia existe uma lei federal, porque eles precisavam ordenar o trânsito deles, não vamos esperar.