Modelo de viticultura sustentável da Serra Gaúcha será apresentado na COP30
Foto: Anderson Pagani

Um modelo de assistência técnica voltado para a adaptação climática da viticultura da Serra Gaúcha será apresentado na Zona Verde da COP30 nesta terça-feira (11), às 17h, no espaço da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB). A inciativa, que recebe mais de $ 2 milhões anuais em investimentos em pesquisa e manejo agrícola, aumenta a resiliência da produção de uvas em um cenário de aumento das temperaturas e da irregularidade das chuvas.

Criado em 2015, o programa, busca mitigar efeitos das mudanças climáticas, como erosão, perda de fertilidade do solo e escassez hídrica. As práticas incluem coberturas vegetais, manejo conservacionista e a troca de informações técnicas entre 1.100 famílias produtoras associadas à Cooperativa Vinícola Aurora, que cultivam, em média, 2,8 hectares cada.

O modelo conta com apoio técnico e científico de instituições como Emater/RS, Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Trigo, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade de Caxias do Sul (UCS), Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Consevitis-RS e Santagro. Além disso, o programa realiza estudos de campo, dias de campo, publicações técnicas e eventos voltados à difusão do conhecimento.

Cobertura de solo é umas das técnicas adotadas para preservação do solo e garantia da produção | Foto: Maurício Fugalli

Resultados comprovados

As propriedades que adotam o sistema registraram redução significativa no uso de herbicidas, de cinco para até uma aplicação anual, e melhorias na saúde química e biológica dos solos. As videiras também apresentaram maior resistência a eventos climáticos extremos.

Durante as chuvas históricas de maio de 2024, áreas com cobertura vegetal tiveram menos erosão e melhor retenção de água, confirmando a eficácia das práticas de conservação para enfrentar os novos padrões climáticos.

Cooperação como resposta à crise climática

“Trata-se de um exemplo concreto de como o cooperativismo pode ser protagonista nas soluções para a crise climática. Mostramos que é possível produzir com responsabilidade ambiental e garantir renda às famílias que vivem da viticultura”, afirma o gerente agrícola da cooperativa, Maurício Bonafé.

Alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 12 e 13), o programa reforça a importância da ciência e da cooperação para uma agricultura mais resiliente.

“A viticultura brasileira tem potencial para ser referência mundial em adaptação climática sustentável”, completa Bonafé.