Emprego e Carreira

Especialistas apontam compliance como oportunidade para inovação e negócios

Encontro realizado no CIC-BG mostrou que adotar boas medidas traz retorno no médio prazo e pode ser fundamental ao longo do tempo

Alexandre Schneider, Foto de Barbara Salvatti
Alexandre Schneider, Foto de Barbara Salvatti

Tratado como fator de inovação para as organizações, o compliance está cada vez mais presente no dia a dia dos negócios, sendo considerado um diferencial competitivo no mercado. Embora difundido em muitas grandes empresas, esse sistema de gestão ainda não faz parte da realidade de diversos micros e pequenos negócios – e aproximar a temática dessas instituições foi o objetivo da reunião-almoço que ocorreu no dia 10 de julho no Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG).

O assunto foi abordado pelos painelistas Alfredo Terçarioli Ramos e Alexandre Schneider, em um esforço para mostrar como o compliance é um aliado na redução de riscos e na melhoria da gestão das empresas. “O compliance é uma tendência global. Quem não estiver imbuído de tê-lo em sua corporação, vai ter dificuldades no mercado globalizado”, disse Ramos, afirmando que em breve ele será uma lei de mercado em que grandes corporações só realizarão transações com empresas com compliance.

Diretor da empresa de treinamento Letrah! e com mais de 35 anos de atuação no mercado corporativo, Ramos explicou que compliance é um método de gestão e comportamento que possibilita as corporações alcançarem seus objetivos em conformidade com leis, regulamentos e normas aplicadas a cada tipo de negócio. “O compliance avalia o risco e reduz significativamente os custos, além de otimizar a condição financeira. Implantá-lo não é um custo, é um investimento”, garantiu.

Quem implanta, consegue evitar perdas. Uma pesquisa apresentada por ele, elaborada por institutos que trabalham com compliance, estima que anualmente as empresas perdem de 3% a 5% de sua receita bruta por questões relacionadas ao tema. “O compliance avalia o risco e reduz significativamente os custos, otimizando a condição financeira”, disse, citando que o compliance contribuiu para o melhoramento dos resultados financeiros em 84% das empresas que o instituíram, de acordo com levantamento da KPMG.

Essa não é, no entanto, a única vantagem. Aprimorar a gestão, melhorar a imagem da empresa diante da rede de relacionamento e da sociedade e aumentar a capacidade de corrigir erros também são benefícios de quem introduz o compliance nas organizações. Outro ganho diz respeito à matriz de risco. “Hoje em dia, as empresas não têm claro os riscos de seu negócio, porque está espalhado em diferentes setores”, considerou. Fundamentado na independência, na transparência, no regulamento e na inteligência moral, o método de gestão tem entre os desafios a ampliação do escopo da área de compliance e monitorar os terceiros e as atividades cotidianas. Sua implantação deve ser feita a partir da liderança e seguir para as outras áreas da empresa e compreende preparação, implementação e acompanhamento.

Para o outro palestrante da reunião-almoço, Alexandre Scheneider, o compliance é um forte aliado das empresas. “O compliance podedar respostas rápidas e adequadas, evitando riscos de imagem em situações adversas”, disse ele, procurador da República no Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul, professor e palestrante na área de compliance. Essa é uma das grandes formas para evitar as principais esferas de responsabilização – civil, administrativa e criminal – pelas quais os negócios, como atividades reguladas, estão sujeitos em casos de práticas ilícitas, como indenizações, multas e sanções.

Segundo ele, o compliance não é um projeto, e sim um sistema que deve ser continuamente aplicado e melhorado. “Considero um sistema de integridade, pois a palavra sistema tem conotação de perenidade. O compliance tem que ser um sistema permanente de correção de rumo e disciplinamento das instituições para que elas façam suas atividades de forma ética e correta, evitando riscos”, disse.

A atuação do procurador foi elogiada pelo prefeito Diogo Siqueira. “O Schneider é um embaixador nosso em Brasília, sendo uma voz atuante nos momentos difíceis e por meio do qual conseguimos conquistas que dificilmente teríamos somente através do poder Executivo”, disse.

Marijane Paese

Para a presidente do CIC-BG, Marijane Paese, a proposta da palestra fortalece o papel da instituição em disseminar conceitos que alavanquem o potencial dos negócios a partir das boas práticas. “Os conceitos de compliance ajudam a orientar o gestor na preparação de processos e na tomada de decisões de forma assertiva, respeitando, claro, a legislação, e também os códigos de ética. Quem sabe, poderemos ser inspiração para que essas práticas comecem a ganhar escalas muito maiores de aplicação em nossa nação. Afinal, esse não é apenas o melhor, mas é o único caminho para o progresso que tanto queremos e buscamos diariamente”, reforçou.