A partir do próximo dia 6 de agosto, 85% dos produtos da indústria do Rio Grande do Sul vendidos aos Estados Unidos serão taxados em 50%. O impacto desse tarifaço, anunciado pelo governo americano de Donald Trump, coloca o estado entre os mais prejudicados do Brasil. No país, em média, 44,6% dos produtos escaparam da nova tarifa máxima. No RS, esse número é de apenas 14,9%.
Segundo estudo preliminar do Sistema FIERGS, a medida pode derrubar em R$ 1,5 bilhão o Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho no próximo ano. A estimativa anterior, feita logo após o anúncio, era ainda mais pessimista: R$ 1,9 bilhão de perdas.
“Essa medida do governo americano deixa a indústria gaúcha entre as mais prejudicadas do país”, afirma Claudio Bier, presidente da FIERGS.
Para tentar conter os danos, a entidade criou um comitê de crise. O grupo reúne diretores da FIERGS, coordenadores de conselhos temáticos e representantes de sindicatos industriais afetados.
Entre os setores mais atingidos estão o metalmecânico, químico, têxtil e coureiro-calçadista. De acordo com a FIERGS, mais de 140 mil trabalhadores atuam em áreas diretamente expostas às tarifas. A estimativa é de que 20 mil empregos estejam sob risco imediato.
Alguns produtos de celulose e papel não sofrerão alteração nas tarifas, segundo o documento divulgado pelos EUA. Já os itens de madeira e derivados estão sob investigação da chamada “seção 232” e ainda podem ser taxados futuramente.
Sem retaliações, mas com medidas urgentes
Bier defende que o Brasil não adote retaliações, citando como exemplo o impacto que uma medida contra o óleo diesel importado teria sobre os preços dos combustíveis e a inflação.
“Precisamos encontrar soluções no Brasil”, disse. Ele cobra ações emergenciais dos governos estadual e federal. Entre os pedidos estão medidas nas áreas tributária, de crédito e trabalhista, além de mais tempo para que as empresas se adaptem.
A FIERGS também negocia com o governo estadual a liberação emergencial de créditos de ICMS para que as empresas possam ter algum alívio de caixa.
“Sabemos que um novo mercado não se constrói do dia para a noite, mas os setores precisam de fôlego para buscar alternativas. Precisamos de medidas como as que foram adotadas na época da enchente”, reforça Bier.
A entidade continuará pressionando por apoio e soluções que minimizem o impacto da nova política americana no setor produtivo gaúcho.