O desempenho de Caxias do Sul na geração de empregos demonstra um crescimento progressivo após as chuvas extremas registradas em maio, que implicaram na perda de 95 postos naquele mês. Em julho, conforme dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) nesta quarta-feira (28), o saldo foi de 291 novos empregos — resultado da diferença de 8.469 admissões e 8.178 desligamentos.
Os setores que puxaram a alta foram o de serviços, com saldo de 213 contratações, e o da indústria, com 170. Por outro lado, retrocederam, com queda nas vagas de trabalho, os segmentos do comércio (-12), da construção civil (-39) e da agropecuária (-41).
Na análise da economista e professora Maria Carolina Gullo, a indústria caxiense vive um bom momento, com tendência de ampliação das contratações. Ela argumenta que, apesar dos problemas relacionados à logística, que impediram a chegada de matéria-prima e insumos, ou mesmo o escoamento de produção, o município não foi tão afetado pelo desastre climático quanto à Região Metropolitana de Porto Alegre, por exemplo, que teve empresas inundadas pela enchente.
Os serviços, por sua vez, lideram o ranking nos desempenhos da economia e de empregos devido a um novo comportamento do consumidor, que valoriza a experiência, explica a economista. Em junho, quando houve um pequeno incremento de 40 postos de trabalho no município, foi também esse setor que deu o impulso maior, com saldo de 162 vagas.
“As pessoas estão querendo viver experiências, então estão contratando mais serviços. Estão usando mais os seus recursos para viver experiências gastronômicas, experiências de turismo, buscando serviços que lhes tragam bem-estar, satisfação, prazer. É uma dinâmica pós-pandemia, e que durante maio e parte de junho, enquanto as estradas estiveram com algum tipo de bloqueio, as pessoas tiveram que ficar mais na cidade, consumir mais os produtos da cidade”, detalha Maria Carolina Gullo.
Ainda no contexto das chuvas, a construção civil tem sido demandada no Estado para a recuperação de moradias perdidas, estradas e empresas. Mesmo assim, a área apresentou retração em julho, em Caxias, dado que chamou a atenção da especialista.
De acordo com ela, comércio possivelmente está em um período de transição entre meses que são tradicionalmente mais calmos. Um desafio, segundo Maria Carolina Gullo, é a concorrência com as compras online, que propiciam a transferência de renda para outro lugar e não necessariamente Caxias do Sul.
“Pode ser um ajuste em função de que julho e agosto são meses mais fracos. Dia dos pais, em agosto, é que a gente pode ter tido algum movimento, então vamos esperar os números de agosto. Mas julho é um mês de férias, é um mês que não tem uma data comemorativa e ainda pode ser um consequência das enchentes, eventualmente algum comércio que não conseguiu se restabelecer”, complementa.