
Caxias do Sul - A RA (reunião-almoço) da CIC Caxias, realizada nesta segunda-feira (3), trouxe um alerta sobre os rumos da economia brasileira. Os economistas Giovani Baggio, da Fiergs, e Antônio da Luz, da Farsul, apontaram crescimento da dívida pública, aumento de impostos e desaceleração econômica como os principais desafios para 2026 e 2027.
Baggio destacou que o déficit do setor público consolidado acumula cerca de R$ 900 bilhões, enquanto a dívida bruta do governo alcança 80% do PIB, seis pontos percentuais acima de janeiro de 2023. Segundo ele, estabilizar o endividamento exigiria um superávit primário de 4,4%, cenário improvável diante do atual ritmo de gastos.
O economista também listou 18 medidas de aumento de receita em análise pelo governo, incluindo revogação de reduções de PIS/Cofins, cobrança sobre gasolina e etanol, imposto sobre exportação de petróleo, taxação de apostas eletrônicas, fim de isenções de importação para veículos elétricos e painéis solares, além de aumento do IPI sobre armas. “Os problemas têm origem no descontrole fiscal e no excesso de gastos”, resumiu.
Outro ponto enfatizado foi a escassez de mão de obra qualificada, apontada por 85,5% das indústrias gaúchas como dificuldade para contratar, o maior índice já registrado pela Fiergs. Além disso, tarifas de importação impostas pelos EUA reduziram drasticamente as exportações gaúchas em 2025, com queda de até 94% em produtos como tabaco.
Alerta sobre Desequilíbrios Fiscais e Impactos Econômicos
Antônio da Luz reforçou o alerta e projetou cenário ainda mais crítico para 2027, com desequilíbrios fiscais que podem alimentar a inflação, impedir a redução dos juros e comprometer serviços públicos e investimentos. “Estamos gastando de um jeito que não tem como sustentar. É como usar todo o cheque especial e depois abrir conta em outro banco”, disse.
O presidente da CIC Caxias, Celestino Oscar Loro, destacou a necessidade de serenidade política e decisões técnicas, alertando que o País não suporta mais improvisos. O painel foi mediado pelo diretor de Planejamento, Economia e Estatística da entidade, Joarez Piccinini.
O encontro reforçou a preocupação do setor produtivo com a saúde fiscal do país e os impactos que os desequilíbrios podem ter na economia e nos serviços públicos.