RETOMADA ECONÔMICA

Economia do RS se recupera após enchentes, mas tendência é de desaceleração

Economista-chefe do Sistema FIERGS Giovani Baggio foi o palestrante da reunião-almoço desta quinta (17) do Centro Empresarial de Flores da Cunha

Giovani Baggio durante palestra
Giovani Baggio durante palestra | Yago de Boni/Grupo RSCOM

A recuperação econômica do Rio Grande do Sul após a catástrofe climática que atingiu o Estado em maio apresenta bons números, mas a perspectiva é de desaceleração. Esta é a análise do economista-chefe do Sistema FIERGS (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), Giovani Baggio, palestrante da reunião-almoço desta quinta-feira (17) do Centro Empresarial de Flores da Cunha. O evento ocorreu na Escola de Gastronomia da UCS.

Segundo o economista, a aceleração econômica teve impulso com os benefícios sociais liberados pelos governos estadual e federal nos meses após as enchentes, o que apoiou a recuperação dos setores, empreendimentos e municípios atingidos. A previsão, no entanto, é que com a redução de incentivos e isenções, uma vez que os investimentos já foram realizados, haja uma queda nos próximos meses, ainda não estimada percentualmente.

Entraves administrativos

Baggio destacou o impacto que as enchentes tiveram em todos os setores da economia gaúcha, o que gerou quedas e altas posteriores, de modo variável, conforme o segmento, características e localização dos negócios.

Além de a capacidade produtiva da indústria e da agropecuária terem sido atingidas diretamente, e do impacto da catástrofe climática no comércio, outro problema enfrentado pelas empresas esteve relacionado aos processos burocráticos e logísticos, observou o especialista. Como exemplo, ele mencionou a emissão de notas fiscais – até hoje não plenamente regularizada – e outros processos e serviços relacionados aos setores administrativos do Estado.

Recuperação do emprego

Um reflexo direto ocorreu nos quadros de pessoal, com as demissões resultando em um saldo negativo de 30 mil postos de trabalho entre maio (ápice das enchentes) e junho. Entretanto, desde julho, o Estado recuperou cerca de 17 mil vagas de emprego diretas.

A geração de emprego, segundo o executivo, segue com boas perspectivas nos últimos dois meses do ano, acompanhando o crescimento de faturamento das empresas estimado para o período. Contudo, as exportações no Estado têm registrado desempenho abaixo da média, o que é um indicativo de um volume de vendas menor do que o esperado para o ano e se soma como fator de tendência de desaceleração da economia gaúcha a partir do início de 2025.