Caxias do Sul - A economia de Caxias do Sul encolheu 4,4% em agosto de 2025 na comparação com julho, segundo o Índice de Desempenho Econômico (IDI) divulgado nesta terça-feira (7) pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC Caxias) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Caxias). A retração foi puxada principalmente pela indústria, que caiu 8,5% no mês, enquanto os setores de serviços e comércio apresentaram leves altas de 0,4% e 0,2%, respectivamente.
Na comparação com agosto de 2024, o desempenho também foi negativo: queda de 4,5%. O resultado reflete o recuo expressivo de 14,7% na indústria em 12 meses, mesmo com avanços nos serviços (+7,6%) e no comércio (+6,2%).
No acumulado de 2025, de janeiro a agosto, o saldo geral aponta leve retração de 0,2%. A indústria acumula queda de 5,8%, enquanto os serviços crescem 8% e o comércio, 2,8%. Nos últimos 12 meses, o resultado ainda é positivo, com alta de 1,8%, sustentado principalmente pelos serviços (+9,8%).
Impacto da Desaceleração Industrial em Caxias do Sul
O vice-presidente de Indústria da CIC Caxias, Ruben Bisi, explica que a queda industrial tem origem na desaceleração do mercado de caminhões pesados e implementos rodoviários, segmentos que têm peso decisivo na base produtiva local.
“Caxias fornece implementos e componentes para a linha pesada, que depende de financiamento e sofre com juros altos. Quando o mercado de caminhões desacelera, nossa economia sente imediatamente”, afirma Bisi.
Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) indicam queda de 22% nas vendas de caminhões pesados em agosto, frente ao mesmo mês do ano anterior.
Análise dos Indicadores Industriais
Todos os indicadores industriais tiveram desempenho negativo em agosto: compras (-21,7%), vendas (-8,3%), massa salarial (-3,1%), horas trabalhadas (-5,1%) e utilização da capacidade instalada (-1,1%).
Desaceleração Gradual da Economia Local
O diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC Caxias, Tarciano Mélo Cardoso, aponta uma desaceleração gradual da economia local desde o fim de 2024.
“Há uma tendência clara de perda de ritmo. Juros altos, incertezas fiscais e baixo investimento reduzem a confiança e afetam diretamente a produção”, analisa.
No mercado de trabalho formal, Caxias fechou 67 vagas em agosto. A indústria cortou 524 postos, enquanto o setor de serviços criou 376. A construção civil abriu 60 novas vagas e a agricultura, 27.
No comércio exterior, as exportações permaneceram estáveis, mas as importações caíram 24%. O saldo da balança comercial subiu 39,3% no mês e acumula crescimento de 66,4% em 12 meses, totalizando US$ 793 milhões em exportações.
A Argentina voltou a ser o principal destino dos produtos caxienses (25%), seguida por Chile (17%) e Estados Unidos (16%). Os materiais de transporte representam 48% das exportações e as máquinas e aparelhos, 52% das importações.