Cresce a revolta entre moradores de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha, Gramado e demais cidades da Serra Gaúcha contra os aumentos considerados abusivos nas contas de energia elétrica. Centenas de reclamações se acumulam no site Reclame Aqui e nas redes sociais, todas apontando a mesma situação: contas que praticamente dobraram e até triplicaram de um mês para o outro, tendo como justificativa o aumento da tarifa pela Aneel em 14,4% e a bandeira vermelha de julho.
Consumidores relatam que, mesmo sem mudanças na rotina, no número de moradores ou no uso de aparelhos, os valores dispararam. Um dos moradores afirmou que o valor subiu 700%. Outro, que pagava entre R$ 130 e R$ 180 regularmente, afirma que conta saltou para mais de R$ 400 de forma inesperada.
Além dos valores elevados, os consumidores enfrentam dificuldade para registrar reclamações e obter respostas da RGE. Chamadas telefônicas não são atendidas, protocolos são abertos sem retorno e o atendimento digital frequentemente cai durante o processo.
“É um monopólio que não dá explicações e ainda dificulta qualquer tentativa de contato”, afirma uma das denúncias.
A indignação cresce com a percepção de que a concessionária tem tratado os relatos com descaso. Nenhuma visita técnica, análise detalhada ou proposta de verificação nos medidores tem sido oferecida, segundo os moradores. Muitos afirmam que a empresa apenas alega que o consumo aumentou, sem investigar a fundo.
Nas redes sociais, usuários apontam que o problema não é pontual. A sensação de abuso sistemático é generalizada.
“Isso está acontecendo com muita gente aqui na cidade”, relata uma consumidora. “Não é coincidência, é um erro ou um abuso sistemático. E ninguém se responsabiliza”.
O impacto financeiro atinge em cheio os trabalhadores. “Mais da metade do meu salário foi pra pagar energia elétrica. Isso não é só desrespeito, é crueldade”, desabafa outro morador.
Um leitor do Portal Leouve, indignado com a cobrança, cita que, após quatro anos mantendo média de consumo, esse último mês os valores extrapolaram o aceitável.
“Depois de quatro anos na mesma moradia nunca passou de R$ 143,00, isso que moro sozinho. A conta para agosto, isso que a minha próxima medida é dia 13, já estava com valor de mais 200%, foi para R$ 441,30 sem usar nada. A minha irmã também mora sozinha e veio R$ 550,00. É um absurdo. Nas ligações eles dizem que não cobram mais do que a leitura do contador. Não adianta falar com eles, muito menos no app, a resposta é a mesma”, diz.
Respostas, ou não
Questionada, até o momento, a CPFL / RGE não se manifestou oficialmente sobre o aumento generalizado nas contas nem apresentou planos de auditoria nas medições que justificassem os valores cobrados. A única resposta da concessionária foi a solicitação para envio de “códigos dos clientes” que efetuaram as reclamações.
O Procon de Caxias do Sul emitiu um comunicado orientando os consumidores a, antes de agirem com reclamações, fizessem “cálculos” do consumo com base nas novas tarifas, além de conferir o que vem descrito de consumo na conta e o medidor.
Se após essas explicações, de acordo com o Procon, o consumidor segue achando a cobrança exagerada, ele é orientado a abrir a reclamação na concessionária (RGE ou CPFL) informando a situação e solicitando que seja feita a reanálise do consumo, do valor cobrado e até de aferição do medidor.
Até segunda (4), mais de 500 pessoas procuraram o serviço de proteção ao consumidor de Caxias do Sul e as reclamações se acumulam na internet, a grande maioria, sem resposta.