O que acontecerá com a variação do preço da gasolina para o consumidor final ainda gera questionamentos. Recentemente, em 30 de junho, a Petrobras reduziu o valor do litro em 5,3% para as refinarias. Entretanto, no dia seguinte, 1 de julho, passou a vigorar o retorno da cobrança de PIS/Cofins sobre os combustíveis, o que pode elevar o custo na bomba. Em uma primeira análise a partir do levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), os preços mostram alta de uma semana a outra.
A pesquisa verifica capitais e, em Porto Alegre, há aumento de 50 centavos no preço médio do litro da gasolina comum, passando de R$ 5,30 no período de 25 de junho a 1 de julho para R$ 5,80 no intervalo de 2 a 8 de julho. Mesma tendência de alta é vista na gasolina aditivada, avançando de R$ 5,46 para R$ 5,97 o preço médio, aumento de 51 centavos.
Apesar dos números das últimas semanas, analistas veem possibilidades tanto de aumento quanto de desaceleração nos preços daqui por diante. Embora a Petrobras tenha mudado a política de paridade que atrelava o combustível à cotação mundial do petróleo, o dólar ainda influencia na produção, e a moeda mostrou perda de força nas últimas semanas.
Na avaliação do economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS Adalmir Marquetti, a Petrobras deve continuar a reduzir o preço da gasolina nos próximos meses. O que permitiria a diminuição do valor cobrado das distribuidoras seria a valorização do real ante o dólar. “Como o real continua se valorizando frente ao dólar, a Petrobras deve continuar reduzindo o preço da gasolina”, observou.
“Os impostos retirados no ano passado da gasolina já foram incorporados aos preços e não tiveram impacto inflacionário com o retorno. Isso se deve, em parte, à queda dos preços internacionais do petróleo, sendo uma parte da valorização do real frente ao dólar e outra parte da nova política de preços que a Petrobras está adotando”, acrescentou.
Já para a vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do Conselho Regional de Contabilidade do RS, Patrícia Arruda, a tendência é de alta. “Os postos têm autonomia, mas a tendência é que ocorra aumento. Normalmente tem um efeito cascata”, assinalou, lembrando produtos e serviços que dependem de pequenas entregas. O frete, porém, exemplifica, não deve ser diretamente afetado porque a oneração do diesel deve ser contida até o final do ano. “Apesar da tentativa do governo de baixar o preço para não refletir na inflação, a medida não irá adiantar”, prevê.
Já para a especialista em controladoria e finanças e professora da Escola de Negócios da Fadergs Caleandra Velho, é possível que alguns estabelecimentos consigam reduzir margens de lucro para evitar repassar integralmente o aumento e ter vantagem competitiva ante outros estabelecimentos. “No entanto, isso depende da capacidade financeira”, pondera.
A Petrobras informou que não é responsável pelo preço final, e que a companhia gerencia a etapa de vendas até a distribuidora. Do preço médio cobrado na bomba, responde por 36,2%. Já a fatia dos impostos estaduais é de 22,8%, distribuidoras ficam com 19,6% e outros 14,9% são relacionados ao etanol anidro que vai à mistura do combustível, além dos 6,5% de impostos federais. Em https://precos.petrobras.com.br a estatal detalha a composição.
O diretor do Procon RS, Rainer Grigolo, lembra que “praticamente em tempo real” o consumidor pode acompanhar preços pelo app Menor Preço Nota Fiscal Gaúcha. O Procon, observa ele, faz fiscalizações rotineiras. “Temos atuação forte, mas é importante que o consumidor demande ao Procon estadual ou ao Municipal”, sugere. Os casos mais graves são percebidos nos locais que “antecipam” aumentos, ou seja, sobem preços antes mesmo de algum anúncio de reajuste.
Fonte: Correio do Povo