A cobrança para o envio de recursos foi forte e as propostas para socorrer o comércio varejista no pós-enchente parecem claras. Passam pela pressão para o cumprimento das promessas de repasses de verbas e por um Estado que gaste apenas ou menos do que arrecada com impostos. Isto ficou evidente no dois painéis realizados na manhã desta segunda-feira (12) no Fórum de Desenvolvimento do RS promovido pela Federação Varejista do RS.
Com a participação de deputados estaduais e da professora e economista Maria Carolina Rosa Gullo, que é economista do do Centro de Ciências Sociais da Universidade de Caxias do Sul, alguns dados chamaram a atenção dos participantes. O Brasil arrecada 34% dos seu PIB em impostos, o que é menos que a média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas com um porém: naqueles países, o dinheiro dos impostos seria muito melhor aproveitado. Da mesma forma a economista destaca que países como Israel o Chile, que cobram menos impostos, entregariam muito mais serviços à sociedade.
Neste sentido, o deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) lembrou com propriedade:
“Meu pai já debatia este tema de um Estado que gasta mais do que arrecada. Se o meu filho por ventura vier a seguir a carreira, e a pauta continuar sendo esta, é melhor que ele saia do Estado”.
A deputada Any Ortiz, do Cidadania, criticou o Governo Federal dizendo que a administração prometeu mais do que podia ou o que podia, mas não tinha intenção de entregar. De propositivo, a deputada prometeu que vai se esforçar pela renovação de prazos para que as empresas possam renegociar dívidas com o Governo Federal e assim possam estar aptas a receber financiamentos emergenciais.
“Temos uma iniciativa privada muito cordial”, citou Any.
O deputado Felipe Camozzato (Novo) teceu duras críticas ao modelo de gestão do Rio Grande do Sul e disse que o setor privado é extremamente cordial.
“É muito fácil criar e aumentar impostos neste Estado, ninguém reage”.
Ao mesmo tempo, ele criticou o eleitorado:
“É preciso que paremos de eleger deputados que são negacionistas econômicos. Os juros não vão baixar e a economia não vai reagir por milagre. É preciso ações e ações no sentido oposto do que temos visto”, ressaltando que o Estado que já teria déficit fiscal no ano acabou aprovando aumento de impostos e a criação de uma nova dívida de R$ 8 bilhões para pagamento de servidores públicos.
Os painéis foram mediados pelo diretor de comunicação da Federação Varejista, Jásser Panizzon, e tiveram ainda a participação, na parte da manhã, do presidente da Famurs, Marcelo Arruda. Ele destacou as dimensões da tragédia que afetou 478 municípios, sendo 95 em estado de calamidade.
A queda de arrecadação de ICMS na parcela paga em junho foi de 40,9%. Ele lembrou que a enchente foi apenas um entre inúmeros eventos climáticos do Estado e que os prejuízos devem ser enfrentados por pelo menos 250 novos prefeitos em primeiro mandato a partir do próximo ano. Lembrou ainda que quase 110 mil famílias ainda não receberam o auxílio reconstrução, dinheiro este que irrigaria o varejo e a economia como um todo.
Mesmo antes do encerramento dos painéis, com a presença inclusive do governador Eduardo Leite à tarde, o presidente da Federação Varejista, Ivonei Pioner, já fez um balaço positivo do encontro.
“Vimos que há muitos pontos convergentes e dados seguros para que possamos extrair uma carta com proposições e encaminhamentos a serem tomados. Da fala do presidene Marcelo Arruda, da Famurs vimos que as pautas dos municípios são semelhantes às do comércio. Agora vamos organizar estas ideias e finalizar um documento seguindo com pressão para que as ações aconteçam”, resume.