
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei-RS) registrou em agosto o menor nível desde junho de 2020, auge da pandemia de coronavírus. O indicador caiu 2,6 pontos em relação a julho, fechando em 44,1 pontos, sinalizando falta de confiança dos industriais gaúchos diante de um cenário externo e interno desfavorável.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (21) pelo Sistema FIERGS, que atribui a queda principalmente à combinação das tarifas impostas pelos Estados Unidos, incertezas econômicas internas e à política monetária de juros altos no Brasil.
“Um cenário como o que estamos enfrentando, com as consequências já observadas das tarifas e as incertezas em relação ao mercado americano, assim como a política monetária de juros altos no Brasil, deixa os industriais mais preocupados com o futuro”, afirmou o presidente do Sistema FIERGS, Claudio Bier. “Isso faz com que diminuam a produção e os investimentos, o que, consequentemente, afeta a manutenção e a geração de novos empregos.”
O resultado de agosto está muito próximo do índice registrado em maio de 2024 (44,4 pontos), quando o Rio Grande do Sul foi duramente afetado pela maior enchente de sua história. Segundo a metodologia do Icei-RS, índices abaixo de 50 pontos indicam falta de confiança.
Queda nos Componentes do Índice
O Índice de Condições Atuais caiu para 40,8 pontos, o menor nível desde junho de 2024. A principal causa foi a percepção negativa sobre a economia brasileira, que despencou para 31,9 pontos. Entre os empresários consultados, 61,3% disseram notar piora nas condições econômicas, enquanto apenas 1,8% perceberam melhora. Em relação às próprias empresas, o índice ficou em 45,3 pontos.
Já o Índice de Expectativas, que mede as projeções para os próximos seis meses, caiu 3,4 pontos e fechou em 45,7, também o menor nível desde maio de 2020. A expectativa para a economia brasileira recuou para 35,6 pontos, com mais da metade dos industriais (52,1%) esperando piora. A visão em relação às próprias empresas também sofreu: caiu para 50,7 pontos, bem abaixo da média histórica de 59,4.
Metodologia da Pesquisa
A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 12 de agosto com 163 empresas industriais no Rio Grande do Sul, sendo 37 pequenas, 55 médias e 71 grandes.
O resultado indica um clima de forte desconfiança no setor produtivo do estado, impactado por fatores externos — como o aumento das tarifas impostas pelos EUA — e por desafios domésticos, como a alta dos juros, instabilidade econômica e os efeitos ainda visíveis das enchentes.