Uma comitiva regional se reúne na próxima quarta-feira (19) com o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, para discutir a recuperação de um trecho de 46 quilômetros da Ferrovia do Trigo, entre Muçum e Guaporé. A área, utilizada pelo Trem dos Vales, sofreu danos severos na enchente de maio de 2024 e segue sem previsão de reparos.
A paralisação impacta diretamente o turismo e o transporte de cargas na região. De 2019 a 2023, mais de 110 mil pessoas participaram dos passeios turísticos, que impulsionavam a economia local. Além disso, o trecho é estratégico para o escoamento de produtos como metais e combustíveis — 60% do etanol comercializado no estado é transportado por ferrovias.
Sem avanços nas negociações entre o governo federal e a concessionária Rumo Logística, prefeitos e entidades como a Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales) e o Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) defendem a retirada do trecho da concessão. A proposta permitiria que os municípios assumissem a gestão e buscassem recursos para as obras. O objetivo é firmar uma parceria público-privada para revitalizar o trecho e retomar o passeio.
Em nível federal, uma comissão foi formada em novembro de 2024 para avaliar a situação da malha ferroviária no país, mas ainda não há definição sobre os investimentos. Um levantamento preliminar indicou que 700 quilômetros de trilhos no Rio Grande do Sul precisam de reparos, com custo estimado entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. A concessão da Malha Sul, que inclui ferrovias em RS, SC, PR e SP, foi assinada em 1997 e vence em 2027.