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Brasileiros perdoam e são fieis a quem vaza seus dados na internet

Fonte: Pxhere
Fonte: Pxhere

Você perdoaria e confiaria em alguém que revelasse informações de cunho bastante pessoal a estranhos? A grande maioria dos brasileiros responderia positivamente a essa questão – ao menos, quando o assunto é segurança digital.

De acordo com o relatório de 2022 do Índice de Confiança do Consumidor Digital, publicado em outubro pela empresa de cibersegurança Thales, 95% dos consumidores de serviços digitais no Brasil confiam na preservação de seus dados pessoais por organizações que já passaram por vazamentos de dados.

Essa fidelidade é a maior entre os 11 países pesquisados, pouco à frente da confiança dos mexicanos (92%), mas muito superior à de consumidores alemães (23%) e França (20%).

Dentre os 21 mil respondentes à pesquisa, de cada três consumidores, um passou pela situação de ter dados pessoais vazados na internet por uma empresa. Em 82% dos casos, as vítimas sentiram repercussões negativas desse tipo de vazamento em sua vida. Apesar disso, 82% dessas pessoas seguem acreditando que as empresas de serviços digitais tomarão alguma atitude para zelar por seus dados pessoais de alguma maneira.

Tanto uma confiança exacerbada quanto a disposição em seguir usando serviços de empresas incapazes de manter a segurança de dados podem apontar para tendências preocupantes. Uma delas é ignorar as consequências de um vazamento de dados. Outra é legitimar a prestação de mau serviço.

Essas tendências podem ser sanadas com conhecimento adquirido com o passar do tempo. Mas medidas práticas para contornar um vazamento de dados são mais objetivas e urgentes. Confira algumas delas a seguir.

Que passos tomar depois de um vazamento de dados?

Ainda de acordo com o levantamento da Thales, 31% dos consumidores atingidos por vazamento de dados tiveram suas informações financeiras usadas de maneira fraudulenta.

Por outro lado, 25% deles tiveram outras informações de identificação pessoal usadas para fraudes e, por fim, 25% foram alvo de golpes feitos sob medida.

O vazamento de variados tipos de dados pode merecer abordagens diferentes.

Informações bancárias e documentos

No caso de informações bancárias, como números e senha do cartão de crédito, a providência ideal é cancelar o cartão ou contatar o banco para notificar o problema.

Em seguida, um boletim de ocorrência pode ser feito. Enviar uma cópia desse documento a serviços de proteção ao crédito, como o Serasa, podem prevenir o uso de tais informações em golpes. O vazamento de números de documentos, como RG e CPF, pode merecer o mesmo tipo de tratamento.

Senhas

Senhas vazadas são os dados mais simples de remediar. Basta trocá-las sempre que possível e nunca usar o mesmo código para mais de um serviço digital.

Ativar a verificação em duas etapas é uma maneira de criar uma camada a mais de segurança.

Dados de contato

Já dados de contato, como número de telefone ou endereço de e-mail, não oferecem solução tão simples. A menos que você tenha disposição de trocar um desses dados, inutilizando o que veio a público, terá que redobrar a cautela contra fraudes.

Golpes de phishing (links falsos de e-mail, WhatsApp ou SMS) ou feitos por telefone são as tentativas criminosas mais comuns nesses casos. Delinquentes habilidosos costumam usar de modo convincente marcas ou pessoas que transmitem confiança, o que pode aumentar a dificuldade em evitá-los.

Prevenção e cibersegurança

De maneira geral, algumas ferramentas podem ser assimiladas ao dia a dia para aumentar a segurança digital. Uma das mais populares é o antivírus. Um programa desses pode ser muito útil para localizar ameaças, eliminá-las e impor proteções durante a navegação na internet, como o firewall.

Além dessa “filtragem”, o uso de um VPN acrescenta uma outra camada de segurança. Um VPN é uma rede privada virtual, que codifica todos os dados transmitidos entre indivíduos e seus destinos virtuais (sites, servidores de jogos etc.).

Diante de dezenas de boas opções de serviços de cibersegurança, pode ser difícil fazer uma escolha. Um critério para começar a pesquisa é eliminar as opções de VPN mais barato ou gratuito.

O princípio de que “se você não paga por um produto, você é o produto” infelizmente é realidade no ramo da segurança digital: serviços “bons demais para serem verdade” muitas vezes vendem ou usam os dados que deveriam proteger para fins comerciais a fim de se viabilizarem financeiramente.

Além dessas ferramentas, gerenciadores de senhas têm despontado nos últimos anos como utilitários fundamentais. Senhas seguras são cada vez mais longas e difíceis de lembrar e tais gerenciadores são uma espécie de “cofre” virtual útil tanto para armazená-las quanto para recordá-las.