Negócios e Mercado

A tradição da produção de vinho nas agroindústrias de Flores da Cunha

Foto: Fernanda Tomás/Grupo RSCOM
Foto: Fernanda Tomás/Grupo RSCOM

Na Serra Gaúcha a uva é destaque, seja na fabricação de sucos, espumantes ou vinhos.

Neste domingo, dia 6 de junho, é celebrado o Dia Nacional do Vinho, e para homenagear os produtores da região, a redação do Portal Leouve conheceu de perto algumas agroindústrias do setor, que trabalham em família passando o gosto pelo vinho de geração em geração.

No município de Flores da Cunha, a produção de vinhos e o plantio da uva é tradição para muitas famílias que atuam no ramo vitivinicultor. Há décadas, mães, pais, filhos e netos trabalham mantendo essa história viva.

Às margens da ERS-122, nos deparamos com diversas vinícolas familiares, entre elas a Casa Venâncio, propriedade da família Mascarello. O sonho começou há cerca de 20 anos, quando o filho Fábio, formado em enologia, parou de trabalhar para outras empresas e surgiu com a ideia de abrir sua própria vinícola, ao lado da família.

O começo foi árduo, seguido por muitas dificuldades financeiras e instabilidade. Por 17 anos a vinícola focou na fabricação de vinhos a granel, mas com o tempo o negócio se mostrou pouco lucrativo, levando a família a iniciar a produção do vinho engarrafado e também de outros produtos derivados da uva.

Segundo Fábio, o grande diferencial da Casa Venâncio é a propaganda, feita no ‘boca a boca’ desde sua inauguração. Pela localização, os caminhoneiros são clientes fiéis e também os maiores responsáveis pela divulgação da marca. A venda dos produtos não é feita de forma online, nem em mercados ou supermercados, mas sim exclusivamente na vinícola, diretamente com os membros da família Mascarello.

“De todos os nossos clientes, 98% são de fora, moram em outras cidades e regiões, e destes, 93% já são os consumidores finais”, conta Fábio.

Atualmente, a vinícola é autossuficiente, plantando e colhendo a própria uva, produzindo e comercializando seus produtos, tudo no mesmo local.

E há pouco mais de 1 quilômetro de distância, ainda na ERS-122, chegamos à vinícola Famiglia Veadrigo, um lugar recheado de história e tradição. O espaço, onde atualmente funciona o varejo da marca e um restaurante de comidas típicas italianas, foi construído em 1939 pela matriarca da família, Maria Franzói.

Nascida em 1894, Maria casou-se com João Veadrigo e o casal passou a residir no Travessão Rondelli, em Nova Trento, no lote que daria origem a atual Vinícola Veadrigo. Após o falecimento do marido em 1944, Nona Maria assumiu os filhos e os negócios.”

Esse é apenas um pedaço da história contada nas paredes do restaurante Veadrigo, composta por troféus, fotografias e objetos antigos, como o terço e a máquina de costura da matriarca.

“A nossa vinícola, documentada, ela tem mais de 65 anos, do primeiro registro que foi feito, então, já estamos na terceira geração a frente da vinícola e isso orgulha muito a gente, poder continuar esse legado, que iniciou lá com a minha bisavó e com o meu avô”, conta Fabiana Veadrigo, secretária da Agricultura de Flores da Cunha e bisneta de Nona Maria, que atualmente mantém o negócio da família ao lado de seus pais, Gabriela e Fernandes.

Já com o objetivo de trabalhar no ramo da vitivinicultura, Fabiana estudou enologia ainda muito jovem, fazendo estágios na Itália e cursos técnicos. Depois disso, ela ainda fez uma graduação em agronomia, para poder expandir a diversidade da propriedade da família, e um MBA de gestão do agronegócio.

“Hoje, basicamente, a gente significa a nossa produção, compramos pouca uva, só o que realmente falta, a grande maioria é produzida aqui mesmo, na propriedade. Nós vendemos no local, conhecemos o produto, entramos em contato com os clientes, mandamos por transportadoras. Temos alguns clientes em regiões do Rio de Janeiro, distribuidores, mas o principal da nossa venda acontece aqui mesmo”, explica Fabiana.

Roteiro Turístico Colonial Compassos da Mérica Mérica

Compassos da Mérica, Mérica é o roteiro colonial criado na região norte de Flores da Cunha. É um roteiro caracterizado pela simplicidade, rotina e cotidiano familiar da colônia, na produção de frutas, cogumelos, chimias, uvas e vinho. O nome foi inspirado na letra da canção La Mérica, de Angelo Giusti, que é hino oficial da imigração italiana no Rio Grande do Sul.

Em frente a propriedade da família Veadrigo, encontramos uma placa com um trecho da música, assim como um poema escrito por Giusti. Cada integrante do roteiro turístico segue o mesmo padrão, chamando assim os turistas a conhecerem um pouco mais da cultura da região.

Esta reportagem conta com o apoio e patrocínio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua – Acesse o site www.strflores.com.br e conheça mais do trabalho desenvolvido nas agroindústrias da região, sob o comando de Olir Schiavenin.

Fotos: Fernanda Tomás/Grupo RSCOM