O número de pessoas mortas nos incêndios que ocorrem em Los Angeles aumentou para dez, segundo informações da rede de notícias norte-americana CNN. A quantidade de vítimas, porém, deve aumentar, principalmente quando for possível para as autoridades acessarem alguns pontos destruídos pelas chamas.
Conforme a CNN, mais de 10 mil estruturas foram destruídas pelo fogo nos últimos três dias. Até esta sexta-feira (10), Los Angeles já tinha seis focos de grandes incêndios que precisam ser controlados pela Defesa Civil local e pelo Corpo de Bombeiros.
As autoridades inclusive estão esperando mais condições adversas no combate às chamas. O clima deverá permanecer seco e ainda contará com a presença de mais vento, o que pode impedir o uso de aeronaves para conter as chamas.
“Os ventos continuam sendo de proporções históricas. Isso é absolutamente sem precedentes”, alertou a prefeita de Los Angeles, Karen Bass. Um “desenvolvimento significativo de incêndios” é provável, seja de focos atuais ou de novos, segundo os serviços meteorológicos.
Acusações
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os incêndios florestais são os piores da história da Califórnia, e prometeu recursos federais para ajudar o estado a enfrentá-los. O presidente eleito, Donald Trump, culpou o governador da Califórnia, Gavin Newsom, pela situação, acusando-o de “incompetência” na gestão dos incêndios e de mau gerenciamento da água em meio à seca que afeta a costa oeste do país.
Sem água
Enquanto os incêndios tomavam conta de diversas partes de Los Angeles, uma das dificuldades encontradas pelos bombeiros foi a falta de abastecimento de água. Dessa forma, os hidrantes não poderiam atender a demanda da Corporação no combate às chamas.
Morte e destruição
Kalen Astoor, moradora de Altadena de 36 anos, teve dificuldade para compreender os danos causados ao bairro de sua mãe, de 76 anos. Embora sua casa ainda estivesse de pé, Astoor não conseguia superar o choque diante da cena devastadora.
“É uma visão de morte e destruição”, disse a mulher.
Cerca de 180.000 pessoas na área ainda são afetadas por ordens de evacuação e as condições climáticas de seca extrema e ventos continuam “críticas”, embora menos severas, insistem meteorologistas e autoridades locais.
“Os ventos ainda estão em proporções históricas. Isso é absolutamente sem precedentes”, alertou a prefeita de Los Angeles, Karen Bass.
Um “desenvolvimento significativo de incêndios” continua provável até sexta-feira, seja por incêndios em andamento ou por novos focos, alertaram os serviços meteorológicos.
Outro incêndio ocorreu na noite de quinta-feira perto de Calabasas e do rico enclave de Hidden Hills, lar de celebridades como Kim Kardashian, alimentado pelos ventos, mesmo com os bombeiros usando retardantes de fogo e água.
Hollywood, berço da indústria cinematográfica americana e que estava ameaçada pelas chamas, teve um alívio: o incêndio que afetava suas colinas foi controlado pelos bombeiros e a ordem de evacuação foi suspensa pela manhã.
“Inaceitável”
À medida que os moradores e as autoridades começam a lidar com as consequências da tragédia, os nomes das vítimas fatais vêm à tona.
Entre os mortos está Victor Shaw, de 66 anos, cuja irmã relatou que ele ignorou as ordens de evacuação na região de Altadena.
“Quando voltei e gritei seu nome, ele não respondeu”, relatou Shari Shaw. “Ele não respondeu, e eu tive que sair porque as chamas eram muito grandes e voavam como uma tempestade de fogo”, narrou.
Al Tanner, amigo da família, encontrou o corpo de Shaw na frente da casa, com uma mangueira nas mãos.
“Parecia que ele estava tentando salvar a casa que seus pais tiveram por quase 55 anos”, comentou à emissora KTLA.
A intensidade das chamas foi tamanha que os recursos locais ficaram sobrecarregados. Alguns hidrantes ficaram secos durante o combate ao fogo, enquanto os bombeiros receberam reforços logísticos de estados vizinhos.
Enquanto a luta contra as chamas continua, outras preocupações começam a surgir. Cerca de 20 pessoas foram presas por saques nas áreas de evacuação, informou o xerife de Los Angeles, Robert Luna. “É inaceitável”, declarou o oficial.
Os incêndios são frequentes no oeste dos Estados Unidos, mas os efeitos climáticos devido ao aquecimento global causado pela ação humana tem gerado condições extremas, elevando a intensidade desses eventos.