DESASTRE NATURAL

Incêndios matam 5 pessoas em Los Angeles, nos Estados Unidos

Desastre natural fora de controle devastou comunidades e já obrigou mais de 100 mil pessoas a saírem de casa

Incêndios matam 5 pessoas em Los Angeles, nos Estados Unidos
Foto: AFP/Josh Edelson

Incêndios florestais devastavam comunidades inteiras no entorno de Los Angeles, nos Estados Unidos, deixando cinco mortos e obrigando dezenas de milhares de pessoas a abandonar suas casas, anunciaram autoridades nesta quarta-feira (8).

“Havíamos reportado mais cedo duas mortes. Infelizmente, elas aumentaram para cinco à medida que avançamos na área”, informou o xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, à rádio KNX.

As mortes foram registradas no incêndio Eaton, em Altadena, subúrbio vizinho à cidade de Pasadena, ao norte de Los Angeles, onde as chamas queimaram quase 4,3 mil hectares.

“Tivemos 22 horas brutais em Pasadena”, disse em entrevista coletiva o funcionário da Prefeitura Miguel Márquez. Os bombeiros “se depararam com escuridão, fogo e ventos de 129 km/h”.

O comandante dos bombeiros de Pasadena, Chad Augustín, informou que sua equipe passou a noite “retirando pessoas de prédios em chamas, ruas e veículos. O número de mortos seria bem maior sem os seus atos heroicos.

William Gonzales deixou sua casa em Altadena durante a madrugada e retornou horas mais tarde, para ver o que restou do seu lar.

“Aqui era a nossa casa com minhas irmãs e perdemos praticamente tudo. As chamas consumiram todos os nossos sonhos de anos. Tudo virou cinzas”, disse à AFP.

Jesse Banks, outro morador da comunidade, conseguiu escapar das chamas, mas, até a tarde de hoje, não havia conseguido encontrar seu filho, que também fugiu do fogo.

“Moro nesta área há 20 anos e já tínhamos visto incêndios nas montanhas, mas nada assim.”

No limite

Vários incêndios tiveram início no entorno de Los Angeles nas últimas 24 horas. Três deles estavam fora de controle e causavam grandes estragos.

O primeiro deles começou na manhã de quarta (8), em Pacific Palisades, um subúrbio de Los Angeles cobiçado por celebridades e estrelas de Hollywood. As chamas consumiram mais de mil estruturas e cerca de 6.390 hectares, informaram autoridades.

Centenas de bombeiros lutavam contra as chamas, intensificadas por fortes rajadas de vento, que se agravaram durante a noite no sul da Califórnia. Mais de 100 mil pessoas estão sob ordem de evacuação apenas no condado de Los Angeles.

“Juntos, esses incêndios estão levando os serviços de emergência ao limite”, disse Kristin Cowley, do departamento de bombeiros da cidade, acrescentando que há vários civis feridos, além de bombeiros. Mais de 300 mil moradores do sul da Califórnia estavam sem energia.

A cidade amanheceu com aspecto apocalíptico, coberta por nuvens cinzas e alaranjadas, além de árvores caídas e várias de suas palmeiras características quebradas devido à força dos ventos.

A força dos incêndios simultâneos desafia até mesmo o abastecimento de água da cidade. Muitos hidrantes secaram durante o enfrentamento das chamas, e o Serviço de Água e Eletricidade de Los Angeles pediu aos cidadãos que economizassem o recurso.

Sem precedentes

O avanço do fogo provocou cenas de pânico em várias comunidades da costa californiana. Escolas foram fechadas e importantes vias da cidade estavam bloqueadas. Algumas árvores do Getty Villa, um dos maiores centros de arte do mundo, pegaram fogo devido à proximidade das chamas. No entanto, a instituição “permanecerá segura e intacta”, de acordo com um comunicado emitido na manhã desta quarta-feira.

Os incêndios começaram em um ambiente de baixa umidade e justo quando os chamados ventos de Santa Ana, característicos nesta temporada do ano na Califórnia, avançam com força na região. Autoridades advertiram que a situação está longe de melhorar.

Incêndios são frequentes no oeste dos Estados Unidos, mas a alteração dos padrões climáticos resultou em condições extremas, aumentando a intensidade desse tipo de incidente.

A Califórnia passou por dois invernos consideravelmente úmidos, o que favoreceu o crescimento da vegetação, que serve de combustível para os incêndios. Já este inverno se apresenta seco.

O meteorologista Daniel Swain explicou que, embora os ventos tenham alcançado uma magnitude muito poderosa, “o que é sem precedentes é a seca”.

“A falta de chuva, o calor anômalo e a seca que vimos nos últimos seis meses é algo que não temos registrado desde os anos de 1800”, comentou.

As causas de todos os incêndios estão sob investigação.

Com as informações do Correio do Povo