ACESSOS RODOVIÁRIOS

Serra Gaúcha cobra agilidade em obras viárias para superar isolamento logístico

Com BR-470 comprometida, prefeitos articulam ações para garantir conexões regionais e manter acesso a serviços essenciais

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A sobrecarga de tráfego também afeta vias como a RS-355.
A sobrecarga de tráfego também afeta vias como a RS-355. (Foto: Assessoria de imprensa/Fagundes varela)

Serra Gaúcha - Mais de um ano após as fortes enxurradas de maio de 2024, os impactos na malha viária da Serra Gaúcha continuam afetando o deslocamento entre municípios. Isso compromete o acesso a serviços essenciais. A recuperação da BR-470, principal ligação entre o norte e o sul da região, segue lenta. Há bloqueios noturnos e sistema de pare e siga ao longo do dia, especialmente entre Veranópolis e Bento Gonçalves.

Diante desse cenário, lideranças municipais da microrregião de Veranópolis – que reúne quase 15 municípios – vêm se mobilizando para buscar alternativas logísticas. O objetivo é viabilizar investimentos em estradas secundárias e garantir rotas mais estáveis até que a BR-470 seja totalmente restabelecida.

Com o apoio do Conselho Regional de Desenvolvimento da Serra (Corede Serra), prefeitos articulam a inclusão de obras estratégicas no Plano Rio Grande (Funrigs). Este plano foi criado para financiar ações de reconstrução após eventos climáticos. Desde sua criação, o fundo já recebeu R$ 3,2 bilhões, segundo o governo estadual.

Entre as principais demandas está a conclusão da RS-437, que liga Vila Flores a Antônio Prado. Esta rodovia é considerada fundamental para integrar o eixo oeste-leste da Serra. Outra prioridade é a construção de uma nova ponte sobre o Rio das Antas, entre Bento Gonçalves e Veranópolis. Esta ponte serve como alternativa à histórica ponte Ernesto Dornelles. A estrutura atual, embora símbolo da engenharia nacional, tem enfrentado riscos de instabilidade por conta de movimentações de solo e excesso de carga.

A sobrecarga de tráfego também afeta vias como as RS-355 e RS-359, utilizadas como rotas alternativas por conta da precariedade da BR-470. Essas estradas estão localizadas nos municípios de Vista Alegre do Prata, Fagundes Varela e Cotiporã. Elas não foram projetadas para suportar o volume atual de veículos pesados. Deste modo, correm risco de colapso. Para o prefeito de Fagundes Varela, Nelton Carlos Conte, o investimento em novas conexões deve ser encarado como estratégia permanente. Isso não deve ser visto apenas como ação emergencial.

“Hoje elas são vias alternativas, mas no futuro devem se consolidar como rotas regionais permanentes”, defende.

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Além da mobilidade, a precariedade viária afeta diretamente o acesso a serviços essenciais. Bento Gonçalves e Caxias do Sul concentram atendimentos hospitalares de alta complexidade para cerca de 150 mil pessoas da região. Essa concentração inclui tratamentos oncológicos e cardiológicos. A dificuldade de locomoção tem obrigado moradores a sair com maior antecedência para consultas, internações e também para estudar, já que as duas cidades são polos universitários.

Saúde judicializada sobrecarrega prefeituras

A crise logística se soma a outra preocupação: o aumento da judicialização da saúde. A demora no atendimento de média e alta complexidade tem levado pacientes a recorrerem à Justiça para garantir acesso a tratamentos. Isso acaba impactando os cofres dos municípios, responsáveis apenas pela atenção básica.

Segundo o prefeito de Fagundes Varela, decisões judiciais têm determinado não só a oferta de vagas. Essas decisões também estabelecem o bloqueio de até 50% dos recursos municipais para custear os atendimentos.

“Os municípios estão sendo obrigados a arcar com despesas que não são suas. Isso representa metade do orçamento destinado à saúde”, afirma Conte.

Ele cobra uma definição clara sobre a responsabilidade de cada esfera do poder público para evitar o colapso financeiro das administrações locais.

Obras viárias prioritárias para a Serra Gaúcha:

  • Conclusão da RS-437 (Vila Flores–Antônio Prado)
  • Construção de nova ponte sobre o Rio das Antas (Bento Gonçalves–Veranópolis)
  • Construção da ponte entre São Valentim do Sul e Santa Tereza
  • Modernização da RS-431 (São Valentim do Sul–Bento Gonçalves)
  • Conclusão de estrada entre Protásio Alves e Ipê
  • Conclusão da BR-470 entre André da Rocha e BR-285, em Lagoa Vermelha
  • Ligação entre Serafina Corrêa e União da Serra

A articulação conjunta dos municípios da Serra Gaúcha visa não apenas atender às urgências da mobilidade atual. Ela também busca fortalecer a estrutura logística de longo prazo. Isso é feito para garantir desenvolvimento sustentável à região.