Memória LEOUVE

Zombar da morte alheia

Zombar da morte alheia

 

Falar de morte é um tabu. Normalmente tememos ou nos comovemos ou achamos inapropriado. A velha história: todo mundo sabe que vai morrer, do mais forte ao mais fraco, do mais rico ao mais pobre, do mais sábio ao mais ignorante. Do mais poderoso ao escravo.
Foi a morte que levou um homem forte, rico, poderoso eque tentava ser presidente do Brasil. Pois é, depois de aparecer em rede nacional no Jornal Nacional, possivelmente o noticioso mais visto do país na terça-feira à noite, ontem pela manhã morreu Eduardo Campos.
Mais ainda eu vim pra rádio ontem pensando em falar sobre a morte, a Tanathos em grego. Isto porque no final de semana perdemos o professor Luciano Massoco no auge de sua capacidade física e intelectual, aos 45 anos de forma abrupta; ainda mais porque no Grenal de domingo uma pequena parcela de torcedores adversários zombaram da morte do ídolo Fernandão do Inter.
Zombar da morte, mesmo quando se trata de um inimigo não é algo normal, pelo contrário, é uma afronta desprezível. Porque? Pois esta é a pergunta que me move hoje. Certamente porque depois da morte há pouco a acrescentar e mesmo a pessoa que é reconhecidamente cheia de defeitos acaba poupada nesta hora. Em princípio porque ela não pode se defender ou porque dela não teremos mais resposta ou chance de redenção por algum mal cometido. Por respeito aos seus ente queridos que restaram chorando a perda.
Lembro que num dos momentos de maior comoção nacional, quando da perda do ídolo Aírton Senna, o respeito foi extremo. Mesmo assim o programa Casseta e Planeta fez lá alguma brincadeira a respeito. Mas nada demais, foi uma dose homeopática e ficou por isto.
Não foram torcedores do Grêmio que zombaram da morte de Fernandão, foram marginais, pessoas sem estrutura familiar e sem educação. Certamente estas também existem do lado da torcida do Inter. Mas foi um péssimo exemplo e a atitude foi condenada de forma unânime, inclusive dentro do seio tricolor.
Bom, mas voltando ao candidato Eduardo Campos. Não teria o meu voto, pelo menos não nesta eleição. Tinha o meu respeito e acreditava nele como alguém que estava se preparando para futuramente ser um político muito influente, quem sabe presidente do Brasil. O certo é que com sua morte o debate político e os debates com vistas às próximas eleições presidenciais ficou empobrecido.