Memória LEOUVE

Vivemos em Marte

Vivemos em Marte

Estamos vivendo uma espécie de mundo pós apocalíptico em que é preciso recomeçar do zero. Guardamos lembranças dos bons tempos de fartura, mas precisamos nos conformar que os dias já não são como eram.

 

Outro dia revi o filme Perdido em Marte, com Matt Damon. Recomendo. Ele precisa criar água, se proteger de tempestades cósmicas, plantar batatas adubando com suas próprias fezes e racionar a comida. E quando o protagonista acha que equacionou tudo vem a informação de que terá que passar muito mais tempo no planeta do que inicialmente havia sido previsto.

 

Aqui no Brasil a realidade passa mais ou menos por aí. Nos disseram que o fim da crise poderia vir em um ou dois anos. Balela. Vai demorar mais. Os desempregados estão aí, vivendo às custas de parentes, mas indo menos ao cinema, deixaram de renovar o guarda roupas e comer fora de casa só uma ou duas vezes ao mês. E claro, carnês sem pagamento sendo empilhados em algum canto.

 

Esta mesma realidade que se abate sobre as famílias bateu à porta das administrações públicas. Só agora tem muito gestor entendendo que antes vivíamos no paraíso em que não era preciso. E aí se cortam diárias e FGs na Câmara, se deixa de fazer uma manutenção aqui, outro investimento ali e se toca o essencial.

 

Na saúde é preciso redimensionar os plantões e atendimentos em postinhos e dourar a pílula afirmando que assim haverá um melhor atendimento; vibra-se quando tem "aas" na farmácia pública e cada anúncio de repasse do Estado ou da União, que nada mais seria do que obrigação, é comemorado como se fosse um prêmio de loteria. 

 

São os novos e duros tempos. Vamos precisar vibrar cm cada pequena conquista e quem sabe consigamos reaprender o que é importante. E quem sabe aprendamos que desperdício é um atalho para a pobreza.

 

Na sexta-feira, enfim começa a ser liberado o saldo de FGTS dos trabalhadores. Até hoje não assimilei bem o que isto significa e como o Governo resolveu abrir mão desta fábula de dinheiro. Na verdade, esta medida positiva, porém drástica e inédita, dá bem a medida do quanto o Governo entende estar sendo grave a crise econômica.

 

 De toda forma, o dinheiro do FGTS vem e vai mais ligeiro do que se possa imaginar e a crise não tem data pra acabar. Quer saber? melhor redefinir metas e prazos. Podemos estar em Marte e Marte é longe pra caramba.