Brasil

Vice da CIC Caxias avalia que redução da jornada de trabalho pode aumentar falta de mão de obra

Ruben Bisi alerta que propostas que estão tramitando no Senado podem resultar em consequências sérias para o país. Diminuição da competitividade e até aumento do desemprego também são apontadas por ele

Representante de entidades avalia que redução da jornada de trabalho irá aumentar falta de mão de obra no país
Foto: José Paulo Lacerda/ CNI

O vice-presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) de Caxias do Sul , Ruben Bisi, avalia as propostas que tramitam no Senado Federal e buscam a redução da jornada de trabalho sem a diminuição salarial. Tramitam na Casa pelo menos três projetos para reduzir a carga horária ou para incentivar as empresas a adotarem a medida.

Ao avaliar a proposta sob o aspecto do trabalhador, ele aponta que a redução de horas pode parecer benéfica para a classe. Contudo, pondera a necessidade de analisar o assunto de diferentes formas. Sob o olhar da indústria, afirma que pode resultar em um problema sério para o país. Contextualiza que o Brasil já tem uma produtividade baixa e sofre com a falta de mão de obra. Acresce que uma possível redução da carga horária demandaria por uma procura ainda maior por trabalhadores, pois para produzir o mesmo volume de produtos, seria necessário contratar mais funcionários.

Além disso, Bisi relata como consequência perda de competitividade internacional, pois os custos irão subir muito. “Temos excesso de feriados no Brasil, criamos mais um recentemente. Então com o número de feriados e diminuindo a quantidade de horas, a indústria brasileira que já é onerada pelo custo Brasil vai ficar mais cara ainda. Vamos perder a competitividade de exportar e de competir com outros países. Sob aspecto das indústria, diminuir horas sem reduzir salário é custo. Vai aumentar os custos de tudo que se fabrica e isso o trabalhador brasileiro não tem renda para pagar os custos. Então é bom para o trabalhador, mas tudo irá encarecer, pois vamos ter que produzir a mesma coisa em menos tempo“, explica. “Deixar claro que não estou contra as propostas, mas elas tem consequências sérias para o país“, pontua.

O vice-presidente comenta que as propostas têm origem em partidos e entidades ligadas aos trabalhadores, mas que eles não estão avaliando a real dimensão de como vai afetar a competitividade do país e “no fundo vai cai cair no colo do trabalhador novamente“. Além disso, ele atenta que a diminuição da carga horária irá aumentar a automação dos processos e aumentar o desemprego.

Se a redução da jornada pode ser acompanhada pela automoção dos processos e diminuição do emprego, por outro lado, Bisi também acredita que a automatização é uma saída para enfrentar a falta de mão de obra diante do envelhecimento da população.

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