Bem antes que eu termine essa frase, o jamaicano Usain Bolt já teria inscrito seu nome na história com a medalha de ouro dos 100 metros rasos conquistada ontem nas Olimpíadas do Rio.
Eu contei: eu demorei aqui exatos 10 segundos pra abrir esse comentário. O raio humano levou 9 segundos e 80 centésimos pra entrar pra história como o primeiro e único homem a vencer três vezes seguidas a prova mais nobre do atletismo nas Olimpíadas.
O tempo até ficou distante dos 9 e 58 do recorde mundial que ele mesmo decretou em 2009 em Berlim, o mesmo lugar onde um dia o velocista e também negro Jesse Owens venceu os 100 metros e derrotou a tese nazista de superioridade da raça ariana.
Mas isso nem importava ontem no estádio lotado pra ver Bolt.
O homem mais rápido de todos os tempos estava iniciando sua despedida de uma Olimpíada da melhor forma possível: com o ouro no peito, e deixando o mundo com a certeza de que ele vai conquistar tudo o que veio buscar no Brasil: a nona medalha de ouro seguida da carreira, vencendo os 100 metros, os 200 metros e o revezamento 4 por 100 com o time da Jamaica. E, claro, a consagração definitiva.
Alguém duvida? Bolt vai confirmar pra sempre a sua lenda aqui no rio com velocidade e simpatia.
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O cara é mesmo diferente. Quando entra no estádio, parece que não tá nem aí. Brinca com o público, dá risada, faz graça pra câmera da tevê, nada parecido com a concentração com que ele se curva, se benze, sacode os pés e o nervosismo que não demonstra e alcança seu objetivo antes de tudo e de todos.
Tudo isso em menos de 10 segundos.
Depois, o cara é puro show, e ontem não foi diferente: ajoelhou, rezou e apontou para o público. Mandou beijos e começou uma espécie de volta olímpica, saudando os torcedores. Pegou o boneco do mascote dos jogos, o Vinícius, e desfilou como se fosse um troféu particular.
Depois, fez a marca da lenda: ergueu o braço esquerdo no ar, estendeu o indicador, esticou o outro braço mais atrás e apontou pro céu, lembrando um arco e uma flecha, mas o que são é um relâmpago. Lightning bolt, em inglês. Em jamaicano, Usain Bolt. Ele, veloz como um raio, iluminado como um relâmpago.
Nunca um velocista ganhou tanto. Dificilmente outro voltará a ganhar tão cedo.
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