Memória LEOUVE

Uma perna pra cada lado

Uma perna pra cada lado

O assunto, à primeira vista, é insosso para a maioria das pessoas. Lá vem ele de novo falar de política e de reforma ou não reforma.

 

Mas sabe o que é? Esta manhã, aliás, esta semana, estava refletindo sobre este monstrengo das coligações. Volta e meia me assalta a indignação por ver muito defensor de Temer confessando que não votou na chapa dele para presidente. Vejo muito petista indignado com as reformas trabalhistas e da previdência postas à mesa e eles dizem que Temer é presidente ilegítimo. Sim, ele é ilegítimo até ali. Mas a lei permitiu e o PT apoiou a entrada de um político que é a antítese de tudo que a esquerda prega em sua chapa.

 

 

Ou seja, o Brasil, o seu povo, votou pela continuidade de um modelo de esquerda, que defende proteção ao trabalhador, redistribuição de renda por mecanismos de duvidosa eficácia e apenas seis meses depois veem um vice tomando o poder de assalto e direcionar seus esforços no caminho inverso.

 

Vem aí aumento de impostos – e nisto esquerda e direita convergem, não sabem segurar as contas e mandam o bloqueto pro contribuinte quitar. Vem aí reformas liberais como a modernização nas relações trabalhistas, que começaram pela questão da terceirização ampla e quase irrestrita; vem aí reforma da previdência e ajuste nas dívidas dos estados. Mas vem tudo de um jeito que a maioria dos eleitores da chapa Dilma/Temer não haviam previsto.

 

 

 

O fato é que Aécio não foi eleito, mas o modelo do PSDB parece que vigora no governo Temer. E a reforma política se vier e quando vier, não vai combater estas discrepâncias. Vai, isto sim, carimbar o interesse da classe política. Vamos eleger chapas que mais parecem figuras da mitologia grega. Corpo de um, cabeça de outro animal. Enfim, um trôpego que lembra a passada de Jânio Quadros na foto que o imortalizou: uma perna em cada direção. E aí cabe a pergunta: vamos pra onde deste jeito?