Parece inacreditável, mas a cara de pau dos nobres representantes do povo no Congresso Nacional parece que não tem mesmo limites.
Depois que alguns poucos deputados conseguiram evitar em setembro uma manobra pra votar uma espécie de anistia aos praticantes de caixa dois nas campanhas eleitorais, mãe de todos os crimes de corrupção que envolvem políticos neste país de botocudos, os nobres deputados vão voltar à carga pra conseguir o perdão por terem cometido esse crime eleitoral.
Agora, a tentativa é incluir no pacote anticorrupção em análise pela Câmara uma brecha para anistiar os crimes cometidos antes da aprovação da nova lei.
Uma imoralidade mais que evidente, mas que já não deixa ninguém vermelho no Planalto Central.
A verdade é que não existe razão plausível pra anistiar criminosos que sabiam que estavam cometendo crimes e que lucraram, e muito, com isso.
E não me venha com aquele papo de que é preciso zerar o passado pra começar de novo e, aí sim, aplicar a lei.
Não senhor. O que precisamos é passar a limpo o passado, e, por isso, fechar os olhos pros crimes de ontem é afirmar que o crime compensa pra quem usa colarinho branco e institucionalizar a impunidade.
O que precisamos é separar o que é legal e o que está irregular, o que é dinheiro sujo fruto de propina, o que não foi contabilizado e o que é doação legal.
Só assim vamos dar um banho de moralidade e resgatar a atuação política nesse país, e cabe a justiça fazer isso.
Porque não se acaba com a corrupção matando a política mas, com certeza, o fim da politicagem passa necessariamente pela punição pra corrupção.