Memória LEOUVE

Um governo paliativo

Um governo paliativo

Enquanto o país inteiro concentra suas atenções na semana derradeira para o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, que iniciou hoje com o depoimento da própria presidente no Senado, nós gaúchos seguimos a sina de contar os mortos em mais um final de semana violento.

 

E a gente vai convivendo como se fosse a coisa mais natural do mundo com essa violência que acaba com as famílias, que mata os jovens e derrota toda a sociedade.

 

Mas, enquanto isso, hoje o governo gaúcho comemora a chegada de 150 homens da Força Nacional que vem reforçar o policiamento e recobrar a sensação de segurança no estado. Não sou eu que estou dizendo isso, foi o próprio governo que disse. Só que não.

 

Com índices alarmantes de crescimento da violência, com o eterno prende e solta da Justiça e com uma presença cada vez menor de brigadianos nas ruas, porque eles se aposentam, porque eles não recebem horas-extras, o que poderão fazer menos de 200 homens da Força Nacional por nós?

 

E eu mesmo respondo: nada. Nada vezes nada.

 

O mais triste é perceber que essa é a única atitude de um governo omisso e inerte pra responder a ascensão da violência no estado. Um governo que procura apenas se defender e tirar o corpo fora, dizendo que essa violência não foi criada por ele.

 

Ora, senhor governador, é certo que a escalada da violência não é obra sua, mas venhamos e convenhamos que a incapacidade de dar respostas a altura das necessidades da população ajudou um pouco, não é não?

 

Ou não foi o próprio governo de Sartori que anunciou aos quatro cantos a crise econômica, a falta de policiais nas ruas, a não convocação de novos policiais e o fim das horas extras?

 

Ou não foi o próprio governo de Sartori que demorou quase dois anos de mandato para convocar os dois mil novos policiais aprovados em concurso, e que só estarão aptos a ganhar as ruas no ano que vem?

 

Ora, senhor governador, é preciso mais do que palavras, é preciso mais do que ações paliativas. Se o senhor tivesse convocado esses policiais no início de seu mandato, eles já estariam nas ruas, e com certeza, essa sensação de insegurança seria bem menor; com certeza a guerra do tráfico que aumenta o número de assassinatos não estaria tão cruelmente acontecendo na nossa cara, tão perto da nossa casa.

 

Ora, senhor governador, se o senhor tivesse cumprido o que prometeu na campanha, lembra? Não estaríamos chorando agora a morte de tantos inocentes.

 

 

O que precisamos agora é mais repressão policial, mais investimento no sistema penitenciário, uma reforma imediata das leis e da execução penal, e investimento em educação para mudar o futuro. E, claro, senhor governador, menos choro, menos bravatas, e mais ação.