Memória LEOUVE

Turismo, negócios e uma autocrítica necessária

Turismo, negócios e uma autocrítica necessária

Este assunto não é novo, mas este ano parece que ganhou uma nova dimensão: a exploração da rede hoteleira e de alguns restaurantes da cidade que se aproveitam da procura aumentada em época de feira. A tabela de preços simplesmente dispara de forma desarrazoada. Gente que quer ficar dois dias precisa comprar um pacote de cinco pernoites. Preço de pernoite que era de 300 reais de repente passa a ser de 700 reais ou mais. Um bife à parmegiana que custava 35 reais salta para 70 ou 80 reais. Todos os casos me foram relatados por participantes da feira.

 

 

Roubo? Cinismo? Chantagem? Olha, sei que janeiro e fevereiro ainda não são meses bons para a hotelaria em BG a despeito de todo o esforço de se atrair visitantes para a vindima. Mas este ano, especialmente, como resultado da crise, a taxa de ocupação ficou abaixo da crítica, redundando, inclusive, em dispensas de funcionários.

 

Nada, entretanto justifica esta exploração aos visitantes. O filão “turismo de negócios” é tão ou mais desejado que outros tipos de turismo, o da experiência ou o de lazer. No mundo dos negócios, costuma se chamar esta prática de “matar a galinha dos ovos de ouro”, ou então, ir com muita sede ao pote que se esvazia bem rapidinho.

 

Há um bom motivo para que a Fimma Brasil ou a Movelsul sejam na serra gaúcha: somos um importante polo setorial. Aqui estão empresas que produzem e vendem móveis e afins e aqui estão importantes compradores de máquinas e acessórios para esta manufatura. A iniciativa tem a ver com o pioneirismo e o espírito empreendedor dos dirigentes empresariais.

 

Mas há uma verdade, a feira também se mantém aqui com o apelo da boa gastronomia e de um roteiro interessante de visitas. Aliás, a Movelsul acaba de anunciar que utilizará estes diferenciais em as campanha para atrair expositores e compradores em sua edição de 2018.

 

Mas a impressão que vem sendo impregnada nos visitantes é a pior possível. Eles se sentem reféns, chantageados e a saída que vem encontrando é a hospedagem em cidades vizinhas ou então apelar para os aplicativos Air BNB.

 

 

Novos hotéis estão sendo construídos na cidade e é o legítimo caso em que a concorrência fará bem ao setor. Os próprios taxistas precisarão estar atentos à concorrência dos aplicativos. O pessoal do Uber esteve atuante por aqui durante a feira. O mercado está mudando velozmente. Práticas antigas, desleais e de exploração tendem a ser varridas para os livros de anedotário, infelizmente na sessão das piadas sem graça.