Sem entrar no mérito da questão, é certo que lugar de professor é na sala de aula, dando aulas, e não ocupando uma secretaria de Estado para protestar contra o governo.
Também é certo que lugar de estudante é na sala de aula, aprendendo a lição, e não ocupando escolas ou prédios públicos pra protestar contra o governo.
Mas é mais certo ainda que nada justifica a truculência do Estado ao tratar com professores e estudantes que não lutam por outra coisa senão uma educação de qualidade, com condições para aprender e salários dignos para ensinar.
Mandar a polícia para cima de estudantes que só querem dialogar com o governo não é, nem nunca foi, a melhor solução.
Um governo que coloca um oficial militar pra negociar com adolescentes secundaristas, definitivamente, não quer diálogo.
Quer combater o inimigo. E no caso, o inimigo eram estudantes, professores e jornalistas.
Eu já vi esse filme, e ele não vale reprise. Infelizmente, o governo Sartori inaugura uma hora de repressão que faz lembrar tempos de péssima lembrança.
Nnão podemos aceitar essa atitude, e temos que cobrar do senhor governador outra solução que não a do uso da força, da cadeia e do processo pra lidar com problemas que são reais.
A verdade é que, depois de mais um mês de ocupação das escolas, foi necessário que os estudantes invadissem a assembleia legislativa para que fossem ouvidos pelo governo.
Os estudantes que ocupam escolas não querem outra coisa que não merenda, papel higiênico no banheiro e o fim do processo de privatização do ensino. É pedir demais?
É certo que muitos crimes foram cometidos na invasão da secretaria da Fazenda, tanto pelos estudantes, como pela Brigada. A diferença é que os estudantes queriam negociar suas reivindicações, enquanto os soldados cumpriam ordens do senhor governador.
Mas enquanto o Estado todo sofre com a falta de segurança e de policiamento nas ruas, a brigada atua para reprimir estudantes inofensivos.
Como se não bastasse a crise e a falta de caminhos apontados pelo governo, o caos da educação, os salários atrasados, a falência do estado agora mostra uma nova cara do governador Sartori, que faz piada da crise, sorri aos poderosos e, agora, manda prender adolescentes e jornalistas.