A dívida dos 245 Hospitais Filantrópicos e Santas Casas do Rio Grande do Sul já chega a 1,6 bilhão. A informação foi dada pelo superintendente-geral do Hospital Pompéia e presidente da Federação dos Hospitais Filantrópicos e Santas Casas do Rio Grande do Sul , Francisco Ferrer, em encontro realizado na manhã desta segunda-feira, dia 1º, na instituição.
As dívidas são com salário (R$ 32 milhões), Tributos (R$ 352 milhões), Fornecedores (R$ 368 milhóes) e bancos (R$ 848 milhões).
Atualmente, as Santas Casas e Hospitais Filantrópicos são responsáveis por 70% dos atendimentos ligados ao Sistema Único de Saúde no estado. A ideia da Federação é realizar diversas ações ao longo do mês de agosto, alertando sobre a situação dessas instituições. A principal delas é entrar com uma ação judicial pedindo o bloqueio de R$ 100 milhões de reais das contas da União e também cobrar os repasses aprovados que não estão sendo repassados pelo governo do estado. “São R$ 144 milhões de atraso nos repasses do Estado referentes aos programas. Queremos que o Estado pague esse valor atrasado e dê um cronograma de garantia de pagamento de agora em diante”, revelou. “Outra frente é com a União. Nós vamos ajuizar essa ação com base na defasagem dos repasses na tabela do SUS dos últimos cinco anos. A ideia é forçar a União a abrir um diálogo conosco”, disse.
Redução do SUS
Conforme os dados apresentados por Francisco Ferrer na manhã de hoje, a falta de repasses da União e do Estado faz com que haja uma redução nos atendimentos pelo SUS nas instituições. “Enfrentamos problemas que vão desde o atraso de salários, que chega em torno de 120 dias com médicos e colaboradores. E isso está levando as Santas Casas a uma redução de 15% nas internações. Somente no ano passado, o conjunto reduziu 46 mil internações pelo SUS e foram mais de 4 bilhões de exames de diagnóstico que deixaram de ser realizados no estado”, lamenta.
Cortes no Hospital Pompéia
A crise enfrentada pelos Hospitais Filantrópicos e Santas Casas atinge o maior hospital de Caxias. Conforme Ferrer, em 2015 o Pompéia teve um prejuízo de 4,3 milhões. A consequência deste deficit foi a redução de 15% das atividades de ambulatório de 15%. Ao todo, foram 135 demissões realizadas no final do ano.
Ferrer garante que, por enquanto, não há previsão de novos cortes no quadro de funcionários. Ele ressalta, no entanto, que a situação pode se agravar caso o governo não se sensibilize. “Nós temos mantido os quatro primeiros meses com dificuldade, mas sem grandes prejuízos. O nosso problema é daqui para frente, porque esse atraso nos programas está refletindo no fluxo de caixa. E esse problema é financeiro, e problema financeiro nos leva a buscar recurso bancário para poder salvar as dívidas”, esclarece.