O setor de radiologia do Pronto Atendimento 24 horas de Caxias do Sul pode suspender temporariamente a realização de exames a partir desta quarta-feira, dia 1º de junho. O alerta foi feito pelo servidor Sandro Velho, que representou o coordenador do setor na reunião pública que debateu o decreto 18.094 expedido pelo Poder Público recentemente.
No encontro, promovido pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores na manhã desta terça-feira, dia 31, servidores públicos, secretários municipais e vereadores debateram os impactos da medida, que determinou cortes econômicos através da redução de horas extras e dos horários de atendimento de Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e outras repartições.
Segundo Sandro, as dificuldades no setor de radiologia do Postão já se fazem sentir há muito tempo, mas que um atraso na licitação para a compra de materiais acabou sendo determinante para o comprometimento total do atendimento desta vez.
"O material de radiologia é muito caro, basicamente importado. As licitações eram feitas no começo do ano para o ano todo. Esse ano eles mudaram. Ela passou a ser de seis meses. Uma licitação que deveria ter sido feita em janeiro, foi feita em maio. Só que até fazer toda a questão legal, isso demora pelo menos mais 15 dias. E nós não temos material para mais 15 dias. Nós já estávamos trabalhando com a falta de alguns tipos de filmes e mesmo assim seguimos atendendo. Mas nós usamos tudo o que nós tínhamos. Ontem (segunda-feira) fomos ver nosso estoque final e tem filmes para no máximo até amanhã (quarta-feira) de tarde. E teremos que parar os atendimentos. Numa época de H1N1 e inverno, que aumenta muito o número de doenças respiratórias, isso é uma coisa muito preocupante", disse.
No entanto, a Secretaria Municipal da Saúde nega a possibilidade. Através da assessoria de imprensa foi comunicado que o material está em processo de licitação e que o problema será resolvido até o final da semana. Ainda de acordo com a assessoria, o atendimento não será prejudicado.
Na reunião pública, presidida pelo vereador Rodrigo Beltrão (PT), servidores relataram aumento de 30% a 50% na utilização dos serviços do SUS nos postinhos.
O coordenador da UBS da Vila Ipê, na Zona Norte, alertou para a suspensão de serviços especiais, como coleta de material de pessoas com doenças especiais, que era feita no turno da noite e acabou cancelada com o fim das horas extras.
Representantes de escolas, que acolheram alunos que antes estudavam em escolas particulares, reclamaram de dificuldades e pediram que não sejam cortadas nomeações de funcionários de limpeza e cozinha.
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O presidente do Sindiserv, João Dorlan da Silva, disse que os cortes econômicos atingiram diretamente o servidor, a qualidade do serviço e a segurança dos funcionários, constantemente pressionados pelos usuários revoltados com a queda de qualidade no serviço.
"O decreto só visou restringir direitos dos servidores. Tiraram no canetaço 50% das horas extras e agora ousou extrapolar o banco de horas, que foi um jeitinho dado no passado para que não fossem pagas as horas e que agora está refletindo", avaliou.
João Dorlan ainda disse que o quadro tende a piorar, já que muitos desempregados ainda estão sob o benefício do Seguro Desemprego, que vai acabar, causando maior desespero nas pessoas.
Um guarda municipal, identificado apenas como Elias, falou sobre as dificuldades com o trabalho preventivo e número de servidores. Ele citou o exemplo de um caso de relação sexual filmado em um banco da praça Dante Alighieri e justificou a ausência da Guarda Municipal no local devido aos encaminhamentos de ocorrências para a Delegacia, onde segundo ele os servidores perdem muito tempo no acompanhamento do registro.
"Hoje temos 16 guardas cuidando do SIM Caxias, do dinheiro da Visate, mas nenhum na praça", afirmou.
Ouça a entrevista com o servidor Sandro Velho:
Fotos da galeria (reunião pública): (William Mota / Grupo RSCOM)
