Memória LEOUVE

Sem abatimentos

Sem abatimentos

Não raro perdemos a noção do que importa na vida. Estragamos nosso dia por conta de algum aborrecimento menor. Um pneu furado, uma discordância na fila do caixa, uma resposta atravessada de um colega. Ou provocamos o mau humor alheio simplesmente porque alguém ousou nos tirar da concentração na tarefa que estávamos desempenhando.

 

Quando algo assim me aborrece ao ponto de estragar meu dia, faço um exercício. Procuro lembrar em que medida este aborrecimento vai afetar minha vida daqui a uma semana, um mês ou um ano. Dependendo da resposta encontrada fico mais ou menos tranquilo.

 

Pois vejam a Olimpíada Rio 2016. Quanto papel de jornal, quantos minutos de tv e rádio gastos em desconfianças, em explorar o que de pior poderia ocorrer. Claro que era preciso pressionar pelo término das obras em tempo; fiscalizar pela boa destinação dos recursos; zelar pelo bom nome do povo brasileiro. Mas transformar cada microfone, câmara ou computador numa trincheira, numa competição para saber quem daria primeiro a má notícia do dia não precisava. Do mau tempo à sujeira na Lagoa, do chuveiro que não funciono no primeiro dia ao risco do assalto e por aí adiante.

 

No fim tivemos uma linda e criativa cerimônia de abertura. Um encerramento que se não foi o mais criativo foi aquele que mostrou a essência do Rio com seu Carnaval. Não houve atentado; os casos de roubo foram mínimos. Os contratempos estiveram restritos aquilo que se espera de um evento de tamanha dimensão. Enfim, se pode dizer é que, apesar de todo o ceticismo. A Rio 2016 foi um êxito completo. Inclusive nas medalhas obtidas pelos atletas do país.

 

Ficaram para trás as desconfianças. Resta a marca de que podemos fazer e fazer bem feito. Mas calma. Não há motivos para ufanismos além da conta. Temos muito a progredir. Tentemos pois, transferir este exemplo para outros setores tão necessários como o desenvolvimento social e econômico.

 

Vem aí eleições municipais e este é um bom começo. Por que não tentar?

 

 

Por fim, cabe concluir que a Olimpíada não vai mudar minha vida e da maioria dos brasileiros para melhor ou pior. Tivemos momentos de alegria, outros de frustração; de orgulho ou vergonha. Mas é certo que as contas seguem e a vida também e não tem desconto pra ninguém porque o Brasil ganhou ouro no vôlei ou porque o nadador americano mentiu.