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Segunda sessão da Câmara de Bento pode ser excluída após votação de hoje

Segunda sessão da Câmara de Bento pode ser excluída após votação de hoje

A decisão de excluir a segunda sessão ordinária semanal da Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves deve ser votada nesta segunda-feira, dia 20. O projeto do vereador Anderson Zanella (PSD), solicita a exclusão devido a pouca atividade destinada para um segundo encontro semanal, gerando despesa ainda maior aos cofres públicos.

 

Um relatório divulgado pela direção da casa legislativa, organizado pela gestão anterior, comparou os gastos com uma e duas sessões. Entre as despesas estão gastos com energia elétrica, telefone, segurança, transmissões e filmagem das sessões, cafés, chás, água, horas de funcionários, depreciação de mobiliário.

 

Com uma única sessão por semana, a câmara de vereadores de Bento gasta pouco mais de R$ 11,6 mil mensais. Segundo o relatório, com duas sessões, o gasto passaria dos R$ 18,7 mil.

 

Conforme o vereador Gustavo Sperotto (DEM), não há motivos para a exclusão da segunda sessão. Segundo o edil, os valores apresentados no relatório, não condizem com a realidade da Câmara. "Eu tenho discordado muito, pois, analisando o relatório, só em depreciação de mobiliário (cadeiras, mesas, etc), teríamos um valor de R$ 5 mil, em telefone R$ 300 a mais, sem que ninguém utilize o serviço nesse horário. Em relação a horas-extras de funcionários, elas não podem ser pagas. Não existe esse valor. O que pode acontecer é dessas horas serem compensadas, do funcionário ganhar folga, referente às horas que trabalhou a mais. Dobraram valores em coisas que não existem. Então, nós deveríamos estar debatendo assuntos muito mais importantes em Bento Gonçalves e que precisamos dar mais atenção", afirmou.

 

Sperotto é autor de uma emenda ao projeto, que mantém a segunda sessão, porém, não mais às 18h e, sim, no início da tarde. A justificativa é que assim, muitos dos gastos apresentados no relatório seriam minimizados.

 

Para o presidente do legislativo, Moisés Scussel Neto (PSDB), desde a implantação da segunda sessão na casa, o espaço serviu apenas para debates e troca de ideias dos vereadores. Poucos projetos foram encaminhados e votados na segunda sessão. "Não é simplesmente pelo custo gerado. É claro que com duas sessões, obviamente os custos também aumentam. Porém precisamos olhar o lado da produtividade, ou seja, se nós conseguirmos debater, analisar e aprovar os projetos, requerimentos e indicações encaminhados à Câmara em uma sessão, por que precisamos ter duas sessões?", questiona. Para Scussel, se realmente não há necessidade, a segunda sessão deve ser excluída.

 

Em nota, o vereador Moacir Camerini (PDT), autor do projeto das duas sessões, afirmou que o relatório realizado no final do ano passado não condiz com a realidade dos fatos. Segundo assessoria, com o suporte de um economista e a pesquisa a dados, inclusive, do Portal da Transparência, sua equipe finalizou um relatório que indica que esse montante chegaria a pouco mais de R$ 14 mil por ano.

 

Camerini já protocolou um requerimento para que a presidência da Câmara solicite ao setor contábil do Legislativo, um relatório oficial sobre os gastos da segunda Sessão, para tornar o debate mais transparente à sociedade bento-gonçalvense. Ainda não há previsão para que o material seja disponibilizado. “Nós sabemos que o real motivo para tentarem tirar a segunda sessão não tem a ver com custos. É uma forma de fazer com que os pedidos da comunidade tenham menos visibilidade, para passar uma impressão de que a cidade não tem problemas e diminuir a voz do povo. Mas ainda temos esperança de que, com a mobilização da população, possamos evitar esse retrocesso”, afirmou.