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Relação entre prefeitura e médicos estremece e nova paralisação é iminente

Relação entre prefeitura e médicos estremece e nova paralisação é iminente


A negociação entre os médicos que atendem pelo SUS e a prefeitura de Caxias do Sul parecia estar avançando. Parecia. Nesta semana, a saída de Darcy Ribeiro Pinto Filho do cargo de Secretário da Saúde, combinada com a ausência de uma resposta do prefeito Daniel Guerra e do novo secretário, Fernando Vivian, para uma contraproposta apresenta pelos médicos, parece ter estremecido novamente a relação entre as duas partes.

 

Em entrevista coletiva realizada na manhã deste sábado, dia 8, o presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei dos Santos, declarou que a categoria deve realizar uma nova paralisação na semana que vem em Caxias do Sul. A definição oficial vai ocorrer em assembleia na próxima segunda-feira. “Como não tem diálogo, vamos fazer a última tentativa segunda-feira pela manhã. Mas não creio que isso vai evoluir e não vai ter outra saída se não a paralisação. Vamos definir segunda-feira de noite a forma, quantos dias e como vai ser feito. Se aparecer algo concreto antes da plenária e discutimos”, explica Marlonei.

 

Outra situação trazida à tona na coletiva realizada na manhã de hoje foi a falta de condições mínimas de atendimento em algumas Unidades Básicas de Saúde do Município. O exemplo citado foi a UBS do bairro Cinquentenário, na qual um dos médicos que atende no local disse não ter sequer sabão para a esterilização durante os atendimentos. 

 

Segundo Otto Fernando Baptista, presidente da Federação Nacional dos Médicos, o perfil de negociação do prefeito Daniel Guerra aponta para uma possível terceirização da saúde em Caxias do Sul. “Pelo que nós observamos e pela postura de gestão do município, parece que não existe uma preocupação em melhorar as condições de trabalho e tensionar ao máximo essa relação com os profissionais médicos. Pela experiência que a gente tem, a gente faz uma previsão: parece que aqui em Caxias estão interessados em precarizar a saúde para depois implantar a terceirização, comprometendo a qualidade da saúde”, defendeu Baptista.

 

Secretário se posicionou antes de assumir o cargo

 

O Secretário de Saúde Fernando Vivian terá que explicar a partir da próxima semana uma declaração dada no dia 28 de fevereiro em um grupo de Whatsapp dos médicos grevistas. Ao sair do grupo, Vivian teria dito que “os médicos desta cidade nunca foram tão menosprezados. Espero que este seleto grupo consiga trazer de volta nossa dignidade”. 

 

A reportagem tentou contato com Vivian para obter um posicionamento do secretário sobre o assunto, mas não conseguiu.

 

A proposta do governo

 

A prefeitura propôs a uma comissão de representantes da classe médica duas possibilidades de incorporação no salário atual dos servidores: por meio de produtividade e também de qualidade.

 

A questão da produtividade seria analisada pelo número de consultas por mês. Caso a meta máxima de consultas fosse atingida, os médicos, independente da carga horária, poderiam incorporar o valor de R$ 1.049,60 ao salário.

 

Outra possibilidade de aumento seria pela qualidade. A ideia do prefeito era implanatar um mecanismo de avaliação após as consultas. Neste caso, o paciente avalia o trabalho do médico como ruim, regular, bom, muito bom e excelente. Caso a avaliação seja muito boa ou excelente, os médicos poderiam ter uma bonificação de 25% em relação ao piso salarial.

 

Proposta de produtividade aos médicos de carga horária de 12h semanais

 

Produtividade mínima: 200 consultas (10 ao dia)

Produtividade máxima: 360 consultas (18 ao dia)

Valor a ser recebido se cumprir a meta por mês: R$ 1049,60

 

Proposta de produtividade aos médicos com carga horária de 20h semanais

 

Produtividade mínima: 320 consultas (16 ao dia)

Produtividade máxima: 480 consultas (24 ao dia)

Valor a ser recebido se cumprir a meta por mês: R$ 1049,60

 

Proposta para médicos com carga horária de 33h semanais

 

Produtividade mínima: 520 consultas (26 ao dia)

Produtividade máxima: 680 consultas (34 ao dia)

Valor a ser recebido se cumprir a meta por mês: R$ 1049,60

 

O que os médicos pedem

 

A contraproposta, entregue pela comissão de médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) ao prefeito Daniel Guerra, propõe que os servidores recebam R$ 79,71 por hora trabalhada. Hoje, os profissionais recebem salário mensal correspondente a três cargas horárias semanais diferentes: 12h, 20h ou 33h. Os médicos também rejeitaram o método de avaliação. Para eles, a avaliação deve ser realizada por uma comissão paritária composta por funcionários da Secretária de Saúde e médicos.