Memória LEOUVE

Queremos paz

Queremos paz

Cultura da paz, justiça restaurativa, círculos de discussão. São termos relativamente novos de ações que são uma novidade num cenário em que só recolhemos más notícias.

Vejamos bem: caprichosamente com oito dias de diferença tivemos dois crimes na grande Porto Alegre que nos cobrem a todos de estupefação. Relembrando então. Na semana passada, em Cachoeirinha, uma menina de 14 anos em seu segundo ou terceiro dia de escola nova foi morta por três outras meninas de 12 e 13 anos após alguma desavença boba. Nesta quarta foi mais um estudante universitário que perdeu a vida por conta de um roubo de celular. Um crime vil.

Pois neste contexto em que a vida vale menos do que um aparelho celular ou tanto quanto a antipatia de uma nova colega na escola e onde se sabe que cadeia não regenera, ao contrário aprofunda diferenças. Neste cenário surgem os termos utilizados na abertura deste texto. Um trabalho que se inspira em ações semelhantes às de outros países A justiça restaurativa atua menos na punição e mais no diálogo. Foca também na vítima e lhe dá voz.

Há testemunhos muito marcantes de quem já participou. Porque a punição ao praticante de um crime é uma satisfação à sociedade, mas muitas vezes é menos do que o familiar ou a vítima necessitam. Às vezes eles querem o eido de desculpas do autor ou precisam entender a circunstância.

 

 

Nas famílias é possivel resolver litígios e protege crianças e idosos. Irmãos acabam chegando a uma acordo sobre qual a participação de cada um na manutenção de um idoso.

Nas salas de aula, os círculos de conversa, com a atuação de um mediador, podem levar adolescentes a entender que seu mundo e suas angústias são muito semelhantes a daqueles colegas que veem como desafetos.

 

Esta justiça restaurativa dá voz a quem quer e precisa ser escutado. Do encarcerado e sua família até crianças em tenra idade.  Afinal, a violência, o mau comportamento na escola, muitas vezes não passa de uma forma para chamara a atenção. E quando o adolescente é chamado a ser protagonista esta necessidade está sendo atendida.

 

Há relatos de jovens que não recebem o menor afeto e proteção em casa. Ouvem dos pais que são vagabundos, burros, imprestáveis. Nestas ofensas vai desaparecendo a autoestima e a chance de abrirem-se novos horizontes.

 

 

Trata-se de um trabalho organizado, que conta com a participação do Ministério Público e da Prefeitura. Já é praticado sistematicamente e por demandas em Caxias, Bento e outros municípios e busca ampliar a rede de atendimentos com a formação de novos mediadores. Trata-se de uma iniciativa eficaz na disseminação da Cultura da Paz. Algo que não traz resultados imediatos, mas que também deixa melhores horizontes para o futuro.