Memória LEOUVE

Primeiro de abril?

Primeiro de abril?

Olha, eu confesso que nunca tinha visto antes um pedido de renúncia com hora marcada como fez ontem o vice-prefeito de Caxias do Sul, Ricardo Fabris. Mas, pensando bem, a saída dele é a crônica de uma morte anunciada pra uma parceria que se manteve firme nas eleições mas que nunca prosperou depois do resultado das urnas.

 

Até os leões que emolduram o brasão da cidade sabem que Fabris queria mais que a posição decorativa de vice no governo de Daniel Guerra, mas não levou. Ele queria comandar a transição e ficou à margem, ele queria a secretaria de segurança, mas foi solenemente ignorado.

 

Mas Fabris foi eleito como vice-prefeito, e, como tal, deveria cumprir uma simples função: substituir o prefeito em seus impedimentos. Pois Fabris se recusa a essa missão. Deve achar pouco e, por isso, faz pouco dos votos que recebeu.

 

E olha que não foi pouco o que o vice fez pra mostrar sua insatisfação. Ele chegou até a anunciar a desfiliação do partido de Guerra, garantiu que o prefeito não cumpriu a palavra dada e até chegou a se encontrar com o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho, flertando com o PDT e celebrando as raízes trabalhistas da família, mas não levou adiante as ameaças.

 

Fabris parece ter optado pelo confronto, pela tentativa de intimidação política e pelo papel de inimigo na trincheira, mas o tiro parece ter saído pela culatra.

 

O certo é que os caminhos escolhidos pelo ainda vice parecem mostrar que ele definitivamente não foi talhado pras coisas da política, e o aviso-prévio de renúncia só vai servir pra que ele fique ainda mais isolado na solidão do triste gabinete do vice-prefeito.

 

Mas o que será que ele quer mesmo com a renúncia anunciada? Tentar uma última vez ser ouvido pelo governo? Se agarrar a uma derradeira esperança de ser relevante na administração? Ou simplesmente lembrar que, hoje, o próximo na sucessão joga no outro time, ou ainda que ele pode sair atirando?

 

Difícil dizer. Mas o certo é que quem quer sair, sai, e não fica anunciando essa intenção com antecipação.

 

Olha, o cidadão Ricardo Fabris merece sim todo o meu respeito, mas na curta carreira como político, sinceramente, ele não disse a que veio e sai pela porta dos fundos.

 

O certo é que Fabris nunca esteve no governo, e agora, diz que vai sair faltando um minuto pra acabar o dia 31 de março, menos de três meses depois de assumir o mandato. Mas efetivamente, ainda não saiu.

 

Quer saber? Parece primeiro de abril, e, nesta história toda, o bobo sou eu.

 

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